"Falei sobre as condições desumanas em que seres humanos como nós sobrevivem, civis, jovens e idosos", disse Sigrid Kaag à imprensa depois de apresentar o seu relatório regular ao Conselho de Segurança numa reunião a portas fechadas.
"Pintei um quadro muito sombrio, enquanto os civis em Gaza continuam a sofrer", acrescentou.
Sigrid Kaag foi nomeada há um ano, a pedido do Conselho de Segurança, para coordenar a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
Mas a magnitude dessa ajuda permanece amplamente insuficiente para enfrentar uma situação catastrófica no terreno, conforme tem repetido incansavelmente a ONU, lamentando em particular o grande número de movimentos de comboios humanitários recusados pelas autoridades israelitas.
"Como eu disse ao Conselho, eu fui para Gaza em diferentes funções ao longo da minha carreira desde a década de 1980 (...) mas nada nos prepara para o que vemos, para o que ouvimos", relatou a diplomata.
"As pessoas sentem-se abandonadas por todos nós, e eu disse isso ao Conselho.
As pessoas perguntam 'onde está a comunidade internacional?', insistiu a coordenadora da ONU.
E "em resposta ao cessar-fogo no Líbano, os palestinianos estão preocupados: 'seremos esquecidos ou será a nossa vez a seguir?'", acrescentou, descrevendo os sentimentos dos moradores do enclave palestiniano, que vivem entre "um pouco de esperança e um desespero extremo".
Sigrid Kaag frisou que nenhum sistema pode substituir ou compensar a ausência ou falta de vontade política.
"É político, é uma vontade política e uma escolha política", insistiu Sigrid Kaag.
A Faixa de Gaza é cenário de conflito desde 07 de outubro de 2023, data em que Israel ali declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.
A campanha militar de retaliação lançada por Israel matou pelo menos 44.786 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Leia Também: Ativistas pela Palestina pintam e partem vidros de bancos em Lisboa e Almada