Marcelo Rebelo de Sousa discursava durante um almoço de trabalho com o primeiro-ministro neerlandês, Dick Schoof, na presença dos reis dos Países Baixos, Willem-Alexander e Máxima, no museu Mauritshuis.
Antes deste encontro, os quatro posaram para a fotografia junto ao quadro 'Rapariga com brinco de pérola', de Johannes Vermeer, uma das obras expostas neste museu da cidade de Haia, sede do poder judicial, do Governo, das duas câmaras dos Países Baixos e das embaixadas.
Numa intervenção em inglês, Marcelo Rebelo de Sousa descreveu a atual conjuntura global como "tempos de transição e de grandes desafios".
"A invasão russa da Ucrânia, há 1020 dias, mudou inevitavelmente a nossa perspetiva. A nossa paz e prosperidade estão também ameaçadas pelo ressurgimento de guerras violentas no Médio Oriente e no Sudão, pelos efeitos da migração e pelas alterações climáticas", referiu.
Segundo o chefe de Estado, Portugal e os Países Baixos "têm ideias semelhantes em quase todas as áreas" e este "início de novo ciclo político na União Europeia" constitui uma oportunidade para reforçarem as "prioridades partilhadas".
"Somos firmes defensores da necessidade de expandir a nossa parceria comercial internacional e de nos mantermos abertos, enquanto, ao mesmo tempo, melhoramos a competitividade e autonomia estratégica. Sempre defendemos o desenvolvimento e a conclusão do mercado único, do mercado de capitais, das uniões bancárias, para benefício dos nossos povos", declarou
"Acreditamos entusiasticamente na importância do relacionamento transatlântico. Também somos dedicamos ao multilateralismo. Não é coincidência que um neerlandês esteja agora à frente da NATO e que um português seja o novo presidente do Conselho Europeu", acrescentou.
Mark Rutte, ex-primeiro-ministro neerlandês, assumiu em outubro deste ano o cargo de secretário-geral da NATO, enquanto o anterior primeiro-ministro português, António Costa, iniciou funções em dezembro como presidente do Conselho Europeu.
No plano económico, Marcelo Rebelo de Sousa apontou os Países Baixos como "um dos parceiros económicos mais importantes de Portugal, por enquanto, em sétimo lugar como cliente e o quarto como fornecedor", manifestando-se certo de que essa posição relativa "vai melhorar".
"O número de empresas portuguesas que exportam para a Holanda cresceu para mais de 3.000 nos últimos cinco anos -- um aumento de 20%", realçou.
"Os tempos estão a mudar. O potencial para nos ajudarmos uns aos outros a crescer de forma sustentável é grande", sustentou.
Hoje é o último dia da visita de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa aos Países Baixos, a convite dos reis Willem-Alexander e Máxima, que começou oficialmente na terça-feira, em Amesterdão, capital constitucional do país.
Acompanham-no nesta visita o ministro da Economia, Pedro Reis, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos, o líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, e os deputados Eurico Brilhante Dias, do PS, Isaura Morais, do PSD, Marta Martins da Silva, do Chega, e Mário Amorim Lopes, da IL.
Dick Schoof, independente, ex-trabalhista, que chefiou os serviços de informações neerlandeses, lidera um Governo de coligação entre quatro partidos à direita, formado após as legislativas de novembro de 2023.
A coligação é formada pelo Partido da Liberdade (PVV), de extrema-direita, liderado Geert Wilders, a força mais votada nas eleições, pelo Partido Popular pela Liberdade e a Democracia (VVD), partido liberal do ex-primeiro-ministro Mark Rutte, pelo Novo Contrato Social (NSC) e pelo Movimento de Agricultores e Cidadãos (BBB).
Nas negociações para a formação do Governo, os líderes destes quatro partidos acordaram que nenhum deles seria primeiro-ministro.
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