A informação foi hoje divulgada pela presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet.
"A angústia e as preocupações, por muito legítimas que sejam, não devem ser expressas através de intimidação contra os representantes democraticamente eleitos", afirmou a representante, num comunicado.
Esta estimativa foi dada no mesmo dia em que o centro de Dijon, no leste de França, foi ocupado por 200 tratores de dois sindicatos agrícolas, que protestam contra a queda do Governo de Barnier, mas também contra o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul (bloco que integra Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia), assinado na semana passada em Montevideu.
Alguns dos gabinetes parlamentares visados foram entaipados com tijolos, pintados ou tiveram pilhas de lixo despejadas em frente às suas fachadas. As ações foram reivindicadas pelo principal sindicato agrícola, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Exploradores Agrícolas (FNSEA).
A maior parte das representações vandalizadas são de deputados da esquerda radical França Insubmissa (LFI) e da extrema-direita União Nacional (RN), partidos que estiveram na origem da moção de censura que derrubou o Governo de Barnier, que tinha preparado medidas favoráveis ao setor agrícola mas que ficaram por aplicar, nomeadamente benefícios fiscais que estavam previstos na proposta de Orçamento do Estado para 2025.
Estas medidas estão suspensas, pelo menos até à nomeação de um novo primeiro-ministro pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, que anunciou na terça-feira que pretendia fazê-lo "dentro de 48 horas".
O novo chefe de Governo terá também de ser capaz de sobreviver a uma potencial nova moção de censura numa Assembleia Nacional fragmentada em três blocos (aliança de esquerda, macronistas/direita e extrema-direita), que parecem irreconciliáveis.
Além disso, os agricultores franceses e as associações de agricultores estão a pressionar os responsáveis políticos para impedir a entrada em vigor do pacto comercial entre o bloco europeu e o bloco sul-americano.
Embora exista um raro consenso político em França na rejeição deste acordo, o setor quer que o Governo e Macron se mobilizem a nível europeu para atrair mais países da UE e impedir o acordo aprovado pela Comissão Europeia e pelos países do Mercosul na semana passada no Uruguai.
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