"Após a produção e publicação no espaço virtual de um vídeo fora do comum e dos valores sociais, a senhora Parastoo Ahmadi foi convocada pela polícia de segurança pública e orientada para se dirigir à autoridade judiciária", anunciou no sábado à polícia da província de Mazandaran, no norte.
Num comunicado citado pela agência de notícias Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária iraniana, a polícia garantiu que a cantora abandonou a esquadra juntamente com a família.
Horas antes, o advogado Milad Panahipur tinha acusado as autoridades iranianas de deterem Parastoo Ahmadi e também dois dos quatro músicos que a tinham acompanhado na atuação, gravada num estúdio de música na capital do país, Teerão.
Panahipur disse que não sabia onde se encontravam os detidos e que tinham sido privados de qualquer "contacto com o mundo exterior", segundo o portal de notícias Emtedad.
A jovem artista publicou na quarta-feira, na plataforma YouTube, um vídeo de 27 minutos de um "concerto hipotético" realizado num caravançarai histórico, no qual surge com um vestido preto comprido, com os ombros nus e sem véu.
A notícia da detenção causou agitação dentro e fora do país, com muitos meios de comunicação a elogiarem a "ação corajosa" de Parastoo Ahmadi ao desafiar as regras impostas pelas autoridades iranianas com base na sua interpretação da lei islâmica.
A República Islâmica do Irão não permite que as mulheres gravem álbuns e só podem dar concertos para o público feminino, sem câmaras de vídeo ou fotografias.
A justiça iraniana abriu na quinta-feira um processo contra a cantora e os músicos por realizarem o concerto "sem permissão" e sem respeitarem "normas legais e religiosas".
Parastoo Ahmadi já enfrentou problemas judiciais quando publicou a música 'Do Sangue da Juventude da Pátria' durante os protestos desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini, depois de ter sido presa por não usar o véu islâmico de forma adequada em 2022.
A música valeu-lhe uma intimação dos órgãos de segurança e uma denúncia, cujo resultado ainda não é conhecido.
Vários músicos iranianos foram condenados a penas pesadas por publicarem canções de apoio aos protestos, entre os quais o cantor e compositor Shervin Hajipour.
Um outro, o rapper Tomaj Salehi, foi condenado à morte em abril, mas a pena foi anulada em junho e o músico libertado em novembro.
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