Ao longo de várias semanas, o museu, devidamente decorado para a ocasião num estilo vitoriano, funciona em horário alargado e oferece atividades especiais para crianças e adultos.
Este ano, as dramatizações pelo ator James Swanton de 'O Conto de Natal', 'O Homem e o Espectro' e 'Os Sinos de Ano Novo' esgotaram.
"Esta época atrai sempre mais pessoas porque associam o Natal a Dickens. A maioria lembra-se do 'Conto de Natal', mas ele escreveu mais livros sobre este tema e até 'Grandes Esperanças' começa no dia de Natal", lembrou à Agência Lusa a diretora do museu, Cindy Sughrue.
No dia 24, o museu os visitantes terão direito aos tradicionais vinho quente e 'mince pies', doces comuns nesta altura do ano, e a assistir a uma das várias adaptações cinematográficas de 'O Conto de Natal', incluindo a versão protagonizada pelos Marretas.
"Por acaso até é uma das mais fiéis", gracejou o diretor de 'marketing' do Museu, Jordan Evans-Hill.
O museu atrai atualmente cerca de 60 mil visitantes, muitos dos quais dos Estados Unidos, onde os livros de Dickens tiveram um grande impacto.
Em 1842 e, mais tarde, em 1867-68, o escritor esteve naquele país para apresentar os seus livros, atraindo multidões com um fanatismo frequentemente comparado àquele com que os Beatles foram recebidos um século mais tarde.
Numa carta ao amigo jornalista e historiador John Forster, lamentou que não podia passear à vontade e que era reconhecido por todos, até pelo maquinista do comboio.
"Não posso beber um copo de água sem que uma centena de pessoas me olhe para a garganta quando abro a boca para engolir", descreveu.
A fama de Dickens resultou da escrita dos livros emblemáticos que escreveu, em particular 'Conto de Natal', de 1843, que conta a história de Ebenezer Scrooge, um homem que odeia o Natal.
No entanto, a visita pelo ex-sócio Jacob Marley, que tinha morrido há sete anos, e de três fantasmas que o levam numa viagem ao seu passado, presente e futuro, fazem-no mudar de ideias e converter-se ao espírito natalício.
A obra terá sido escrita como resposta a um relatório parlamentar que dava conta de trabalho infantil e da vasta pobreza no país, procurando promover bondade, generosidade e caridade.
Ao livro é também atribuída a popularização do Natal como feriado no Reino Unido e nos EUA, bem como a difusão de alguns dos costumes ainda hoje praticados, como reunir a família, comer peru e oferecer presentes.
O escritor britânico voltou ao tema noutros quatro volumes porque "ele próprio adorava o Natal", conta Cindy Sughrue.
"Ele tentava sempre tirar duas semanas para dar festas e receber pessoas, e fazer atividades com a família, como teatros, música e espetáculos de magia e música", afirmou a diretora do museu.
Nascido em 1812, Charles Dickens foi jornalista e começou por publicar histórias em folhetos antes de se dedicar aos livros, tendo concluído quinze romances entre 1836 e 1870.
O museu, situado no número 48 da rua Doughty Street, foi onde o autor viveu em Londres de 1837 a 1839, período durante o qual terminou 'Os Cadernos de Pickwick' e redigiu 'Nicholas Nickleby' e 'Oliver Twist'.
A família Dickens mudou-se para outro local, mas em 1923, já depois da morte do autor, em 1870, a propriedade foi adquirida por um grupo de admiradores e reaberta em 1925 como museu.
O edifício de cinco andares está mobilado como uma casa vitoriana de classe média, com mobiliário, retratos e decorações que se sabe terem pertencido a Dickens.
No total, o museu tem um acervo de mais de 100 mil objetos, incluindo três edições em português das suas obras.
"Charles Dickens não inventou o Natal, mas mudou a forma como as pessoas veem e celebram", afirmou a biógrafa Lucinda Dickens Hawksley, que louva o tetravô porque "ajudou a moldar uma celebração que estava em declínio para voltar a ser humanitária".
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