"Não queremos que a Líbia se torne uma arena para a resolução de disputas internacionais", disse Abdelhamid Dbeibah, chefe do Governo de Unidade Nacional (GNU), reconhecido pela ONU e sediado em Tripoli, o primeiro responsável líbio a falar sobre esta questão.
"Ninguém com um pingo de patriotismo aceitaria que uma potência estrangeira impusesse a sua hegemonia e autoridade sobre o país e o seu povo", acrescentou numa conferência de imprensa.
A presença estrangeira só pode ter lugar "no âmbito de acordos entre países para formação, instrução ou equipamento", mas "se as forças entrarem pela força e contra a vontade do povo líbio, rejeitamos totalmente", acrescentou.
Dbeibah não confirmou a existência de transferências de armas russas, enquanto o destino das duas bases russas na Síria se tornou incerto desde a queda, a 8 de dezembro, do antigo presidente sírio apoiado por Moscovo, Bashar al-Assad.
Guido Crosetto, ministro da Defesa italiano, disse ao diário La Repubblica, na terça-feira, que Moscovo estava "em vias de transferir recursos da sua base síria de Tartous para a Líbia".
Assolada pelo caos desde a queda e morte do ditador Muammar Kadhafi, em 2011, a Líbia é governada por dois executivos rivais, o de Abdelhamid Dbeibah, baseado em Trípoli (oeste), e o do marechal Khalifa Haftar, no leste.
Entre abril de 2019 e junho de 2020, o Marechal Haftar, com o apoio de aliados estrangeiros, nomeadamente a Rússia e o Egito, lançou uma ofensiva para tomar Trípoli, que foi pelas forças governamentais apoiadas pela Turquia. Desde então, Moscovo tem mantido relações estreitas com o marechal Haftar.
A base em Tartus foi criada em 1971, no âmbito de um acordo entre a Síria e a então União Soviética, segundo a agência russa TASS.
O grupo aéreo das Forças Aeroespaciais Russas na Síria foi criado em 30 de setembro de 2015 para conduzir uma operação militar de apoio ao exército sírio na luta contra a organização extremista Estado Islâmico.
Leia Também: Conselho Europeu quer "opções" para apoiar Síria na transição