Síria. Nove mortos em confrontos entre grupos islamitas e pró-Assad

Confrontos entre grupos islamitas que tomaram o poder na Síria e elementos do anterior regime fizeram hoje nove mortos, enquanto em Homs, no centro do país, um manifestante da minoria alauita foi morto pela polícia, segundo uma ONG.

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© OZAN KOSE/AFP via Getty Images

Lusa
25/12/2024 22:56 ‧ há 12 horas por Lusa

Mundo

Síria

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) indicou hoje que seis combatentes islamitas foram mortos, juntamente com "três homens armados", quando tentavam prender em Tartus (oeste) um antigo funcionário do Governo de Bashar al-Assad, acusado de emitir ordens de execução e decisões arbitrárias contra milhares de prisioneiros.

 

A ONG baseada no Reino Unido e com uma extensa rede de fontes na Síria, indicou que o homem procurado, antigo director da justiça militar, foi acusado de ser "um dos responsáveis pelos crimes na prisão de Saydnaya (perto de Damasco)", um dos principais cárceres do antigo regime e onde milhares de pessoas sofreram maus tratos e encontraram a morte.

Os combatentes eram do Hayat Tahrir al-Sham, ou HTS, que liderou a impressionante ofensiva que derrubou o Presidente Assad no início deste mês.

Desde a queda de Assad, dezenas de sírios foram mortos em actos de vingança, segundo activistas e monitores, a grande maioria deles pertencentes à comunidade minoritária alauita, uma ramificação do Islão xiita à qual Assad pertence.

Também segundo o OSDH, um manifestante foi morto hoje em Homs, no centro da Síria, depois de as forças de segurança terem aberto fogo para dispersar sírios alauitas que protestavam contra um ataque a um dos seus santuários.

"Um manifestante foi morto e outros cinco ficaram feridos depois de as forças de segurança em Homs terem aberto fogo para dispersar os manifestantes", disse o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, Rami Abdel Rahmane.

Milhares de sírios da minoria alauita manifestaram-se hoje em várias cidades da Síria, depois da divulgação de um vídeo que mostra um ataque a um dos seus santuários.

Perante estas manifestações, as autoridades sírias declararam o recolher obrigatório em Homs e Jableh, entre o final da tarde e o início da manhã de quinta-feira, para tentar conter os efeitos dos protestos.

O OSDH relatou manifestações de larga escala da minoria alauita em várias cidades da Síria, após a divulgação de um vídeo nas redes sociais que mostra um ataque a um dos seus santuários.

As autoridades sírias garantem que o vídeo de um ataque a um santuário alauita -- que está na origem das manifestações que eclodiram hoje em várias cidades - era antigo e datava da "libertação de Alepo" por fações islâmicas armadas no início de dezembro.

"O objetivo de voltar a fazer circular estas imagens é o de semear a discórdia entre o povo sírio (...) num momento delicado que a Síria atravessa", comentou o Ministério do Interior, em comunicado, acusando "grupos desconhecidos" de estarem por trás do ataque ao santuário alauita.

As novas autoridades sírias estão a aumentar as medidas de segurança para com todas as minorias num país traumatizado pela guerra.

Em Jableh, os manifestantes gritavam "Alauitas, sunitas, queremos a paz" e imagens destas iniciativas mostram uma multidão a marchar na rua, agitando a bandeira dos rebeldes da era da independência.

"Não ao incêndio de lugares sagrados e à discriminação religiosa, não ao sectarismo, sim a uma Síria livre", lia-se num cartaz.

Em Latakia, os manifestantes denunciaram "violações contra a comunidade alauita", segundo Ghidak Mayya, um manifestante de 30 anos.

"Neste momento estamos a ouvir pedidos de calma (...) Mas a situação pode explodir", reconheceu este manifestante.

Depois de Bashar al-Assad ter fugido para Moscovo, na sequência da ofensiva rebelde, os membros da minoria alauita saudaram a sua queda, mas disseram temer a marginalização, ou pior, represálias.

Leia Também: Algumas crianças na Síria "nunca viram a paz em toda a sua vida"

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