Líder do PKK oferece apoio a Erdogan para acabar com tensões

O fundador e líder intelectual do banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Öcalan, preso desde 1999 numa ilha turca, ofereceu este domingo apoio ao Presidente turco, na tentativa encontrar uma solução pacífica para as tensões na Turquia.

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Lusa
29/12/2024 11:09 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Abdullah Öcalan

"Estou disposto a tomar as medidas positivas necessárias e a fazer o apelo", disse Öcalan, de 76 anos, num comunicado publicado hoje no site do partido DEM, a esquerda pró-curda da Turquia, depois de uma delegação deste partido o ter visitado na prisão.

 

O líder curdo apontou que "os acontecimentos em Gaza e na Síria mostraram que a solução para esta questão, que as intervenções externas tentaram transformar num problema crónico, não pode ser adiada".

"Sem dúvida, uma das plataformas mais importantes para estas contribuições será a Grande Assembleia Nacional Turca", declarou o fundador do PKK e até hoje considerado o líder intelectual da guerrilha que cumpre pena de prisão perpétua desde 1999 em confinamento solitário numa prisão na ilha de Imrali, no Mar de Mármara, cerca de 50 quilómetros a sudoeste de Istambul.

Na sexta-feira foi divulgado que o Ministério da Justiça autorizou a visita de uma delegação de políticos, algo inédito já que numa década Öcalan só recebeu visitas muito esporádicas de familiares ou dos seus advogados.

No sábado, Öcalan recebeu a visita dos deputados Sirri Süreyya Önder e Pervin Buldan, duas figuras históricas do partido DEM (anteriormente conhecido como HDP) que já faziam parte da delegação do partido pró-curdo (então conhecido pela sigla BDP) que em 2013 se encontrou com o líder da guerrilha.

Em 2015, intensificou-se o combate armado entre militantes do PKK e as forças turcas, sem sinais de novas negociações até outubro passado, quando o líder do partido ultranacionalista MHP, Devlet Bahçeli, propôs convidar Öcalan ao Parlamento para anunciar a dissolução do PKK.

O MHP é o principal aliado do AKP, do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

"Possuo a competência e a determinação necessárias para dar um contributo positivo ao novo paradigma apoiado pelo Sr. Bahçeli e pelo senhor Erdogan. Todos estes esforços elevarão o país ao nível que merece e servirão como um guia valioso para a transformação democrática. Esta é uma era de paz, democracia e fraternidade para a Turquia e a região", sublinhou agora Öcalan.

Por sua vez, Önder e Buldan afirmaram, em comunicado, ter realizado "uma reunião abrangente" com Öcalan.

"A sua saúde é boa e a sua moral está notavelmente elevada. As suas avaliações destinadas a encontrar uma solução permanente para a questão curda foram de importância crítica", destacaram os dois políticos, defendendo também o abandono da luta armada e das aspirações de independência curda.

"Fortalecer mais uma vez a irmandade turco-curda não é apenas uma responsabilidade histórica, mas também de importância decisiva e urgência para todos os povos", afirmaram.

Esta visita a Öcalan suscitou grandes expectativas na opinião pública turca, entre a esperança de que a disponibilidade do líder preso para a paz seria decisiva para pôr fim ao conflito sangrento que afeta o país há décadas.

No entanto, ainda não se sabe como os líderes ativos do PKK que têm as suas bases na montanha Kandil, no norte do Iraque, reagirão a este apelo.

Em março de 2013, durante o festival curdo Newroz, Öcalan declarou publicamente o fim da luta armada e o abandono das aspirações de independência através de uma carta.

Figuras como Buldan e Önder desempenharam papéis fundamentais nas negociações entre o PKK, o seu fundador preso, e o Governo para pôr fim ao conflito, até que um cessar-fogo acordado foi quebrado em 2015.

Considerada hoje uma organização terrorista não só por Ancara, mas também pela União Europeia e pelos Estados Unidos, o PKK iniciou a sua luta armada em 1984 para procurar a independência dos curdos que viviam na Turquia.

Desde então, mais de 45 mil pessoas foram mortas em confrontos armados entre os rebeldes do PKK e as forças de segurança turcas.

Leia Também: Delegação pró-curda visita fundador do PKK em prisão e fala em "nova era"

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