Para além do presidente e da primeira-dama dez outros colaboradores políticos foram também alvos da acusação.
"O juiz federal Ariel Lijo ordenou a intimação e o mandado de prisão internacional para Daniel Ortega e Rosario Murillo", disse Dario Richarte. O caso baseia-se no princípio da jurisdição universal, que permite que os países processem crimes contra a humanidade onde quer que sejam cometidos, explicou.
O governo de Ortega e sua esposa "é talvez a ditadura mais sangrenta que já existiu no continente", disse Richarte.
Os crimes de que são acusados incluem "assassinato, privação grave da liberdade, desaparecimento forçado de pessoas, tortura, deportação ou transferência forçada de população e perseguição de um grupo ou coletividade".
A queixa foi apresentada em agosto de 2022 por um grupo de professores da Universidade de Buenos Aires, liderado por Richarte.
Foi também emitido um mandado de captura para "cada um dos responsáveis da estrutura estatal, policial, militar e paramilitar, por crimes contra a humanidade", acrescentou.
A queixa refere-se a um "plano criminoso de repressão" e baseia-se no testemunho de vítimas anónimas.
A ação judicial "foi prolongada à medida que a ditadura cometia novas violações dos direitos humanos", afirmou o advogado.
Em meados de dezembro, a ONG Amnistia Internacional declarou que "ninguém está a salvo" do "modelo repressivo" instaurado na Nicarágua pelo governo do Presidente Ortega, que ameaça os direitos humanos de uma forma "sem precedentes".
Daniel Ortega, um antigo guerrilheiro de 79 anos que governou a Nicarágua na década de 1980 após o triunfo da revolução sandinista, regressou ao poder em 2007. Reformou a Constituição uma dúzia de vezes, nomeadamente permitindo-lhe um número indefinido de mandatos.
Os Estados Unidos, a União Europeia e os países latino-americanos acusam-no de ter instaurado uma autocracia com a sua mulher, que passará a ser "copresidente" no âmbito de uma reforma constitucional aprovada pelo Parlamento em novembro.
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