"Os funcionários públicos do Departamento de Justiça têm procurado responsabilizar os responsáveis criminais pelo ataque de 06 de janeiro à nossa democracia com uma integridade inabalável", declarou Merrick B. Garland, citado num comunicado do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
"Orgulho-me deles e estou-lhes grato pelo trabalho que realizaram e pelos sacrifícios que fizeram ao longo dos últimos quatro anos para procurar a responsabilidade pelo ataque de 6 de janeiro ao Capitólio", acrescentou Garland quando faltam dias para Trump voltar à Casa Branca, depois de derrotar Biden nas urnas em novembro.
O responsável detalhou como a 06 de janeiro de 2021, agentes da polícia "foram brutalmente agredidos enquanto defendiam corajosamente o Capitólio dos Estados Unidos", recordando sobretudo aqueles que "ainda carregam as cicatrizes desse dia" e os "entes queridos dos cinco agentes que perderam a vida no cumprimento do dever".
"Foi um ataque violento contra os agentes da autoridade que defendiam o Capitólio e foi um ataque sem precedentes a uma pedra angular do nosso sistema de governo - a transferência pacífica de poder de uma administração para a seguinte", argumentou ainda Garland.
Em 2021, Trump recusou-se a condenar as ações no Capitólio, apesar das várias mortes e destruição causada, e já prometeu que no seu segundo mandato na presidência irá perdoar os invasores, que foram condenados pelos seus crimes, incluindo secessão. Vários deles enfrentam penas superiores a 15 anos de prisão.
"Vai começar na primeira hora", afirmou Trump numa entrevista à revista Time, em referência ao perdão dos assaltantes. Esta promessa alinha-se com a forma com o presidente eleito falou dos assaltantes durante a campanha, chamando-lhes "prisioneiros políticos", "grandes patriotas", "reféns" e "vítimas".
Organizou até várias angariações de fundos para as despesas dos arguidos e chegou mesmo a fazer donativos para esses fundos.
Em agosto, a procuradoria-geral de Washington fez um balanço da investigação, mostrando que ainda há 126 arguidos a aguardar julgamento.
Cerca de 140 agentes da polícia foram atacados com violência nesse dia, incluindo com 'sprays' e barras de ferro.
Mas em outubro, num evento transmitido pela cadeia televisiva hispânica Univison, Trump disse que o 06 de janeiro foi "um dia de amor" e negou que houvesse armas naquele dia, apesar de várias terem sido apreendidas.
Em agosto de 2023, um júri especial indiciou Donald Trump por conspiração para defraudar os Estados Unidos, com base na investigação do procurador especial Jack Smith sobre os eventos do 06 de janeiro. Este caso, que ia para julgamento, foi arquivado devido à vitória de Trump nas eleições presidenciais.
Além de prometer perdão aos condenados do 06 de janeiro, Donald Trump também afirmou que quer acusar criminalmente os membros da comissão que investigou o assalto no Congresso.
Esta comissão fez mais de mil entrevistas e conduziu 10 audiências públicas, durante as quais contabilizou ao minutos a inação de Trump perante a violência e os estratagemas dos seus aliados para subverter os resultados da eleição de 2020, incluindo enviar falsos grandes eleitores do colégio eleitoral ao processo de certificação.
Hoje, Garland recordou a acusação feita a mais de 1.500 indivíduos no âmbito das "investigações mais complexas e mais intensivas em recursos da história do Departamento de Justiça".
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