Khaing Thukha, porta-voz do grupo rebelde Exército de Arakan, disse à agência de notícias Associated Press (AP) que um caça bombardeou a aldeia na tarde de quarta-feira, matando 40 civis e ferindo mais de outros 20.
"Todos os mortos eram civis. Entre os mortos e feridos estão mulheres e crianças", disse Khaing Thukha.
Um incêndio iniciado pelo ataque aéreo alastrou à aldeia, destruindo mais de 500 casas, acrescentou Khaing Thukha. Não ficou claro os motivos que levaram ao bombardeamento da aldeia.
Um dirigente do grupo de caridade local, que tem ajudado os habitantes da aldeia, disse hoje à AP que pelo menos 41 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas no ataque aéreo, que teve como alvo o mercado da aldeia.
As fontes afirmaram que centenas de casas foram queimadas num incêndio provocado pelo bombardeamento do exército birmanês, que aconteceu na quarta-feira na aldeia de Kyauk Ni Maw, na ilha de Ramree, no estado de Rakhine, no oeste do país.
Esta é uma área controlada pelo grupo rebelde Exército Arakan. Os militares birmaneses, entretanto, não anunciaram qualquer ataque na zona.
A situação na aldeia não pôde ser confirmada de forma independente, já que o acesso à internet e ao serviço de comunicações na zona foi praticamente cortado.
Myanmar está a viver uma espiral de violência após o exército birmanês ter derrubado o Governo democraticamente eleito da líder Aung San Suu Kyi em fevereiro de 2021.
Depois de o exército ter usado força letal para reprimir manifestações pacíficas, muitos opositores do regime militar pegaram em armas e grandes partes do país estão agora envolvido no conflito.
O governo militar birmanês intensificou os ataques aéreos nos últimos três anos contra grupos armados pró-democracia conhecidos coletivamente como Força de Defesa do Povo e contra movimentos armados de minorias étnicas que lutam há décadas por uma maior autonomia. Os dois grupos realizam por vezes operações conjuntas contra o exército.
Ramree, a 340 quilómetros a noroeste de Rangum, a maior cidade do país, foi capturada pelo Exército Arakan em março do ano passado. O Exército Arakan é a ala militar bem treinada e bem armada do movimento da minoria étnica de Rakhine, que procura a autonomia do governo central de Myanmar. É também membro de uma aliança de grupos étnicos armados que recentemente conquistaram território estratégico no nordeste do país, na fronteira com a China.
Os meios de comunicação de Rakhine, incluindo o Arakan Princess Media, também relataram o ataque e publicaram fotografias na internet que mostram pessoas a apagar incêndios nas suas casas.
Rakhine, anteriormente conhecida como Arakan, foi palco de uma brutal operação do exército em 2017 que levou cerca de 740.000 muçulmanos da minoria rohingya a procurar segurança no Bangladesh, país que abriga agora mais de um milhão de rohingyas.
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