Os militares russos estão a contornar o centro logístico vital de Pokrovsk, no sul da província de Donetsk, e a apontar para uma autoestrada que liga esta área à cidade de Dnipro, na Ucrânia central, disse o major Viktor Trehubov, porta-voz do Exército local à agência Associated Press (AP).
Esta rota é crucial para o abastecimento das forças ucranianas em toda a região e a sua interrupção também enfraqueceria severamente Pokrovsk
"Até agora, não atingiram o seu objetivo e [as forças ucranianas] estão a trabalhar para garantir que não o alcançarão no futuro, tal como não tiveram sucesso noutras tentativas de contornar a cidade", observou Trehubov numa mensagem à AP enviada através da rede WhatsApp.
O Exército ucraniano está sob forte pressão ao longo de partes da linha da frente de cerca de mil quilómetros, especialmente na região oriental de Donetsk, onde se situa Pokrovsk.
Após quase três anos de guerra, as unidades ucranianas estão esgotadas e em menor número e menos equipadas do que as forças russas.
Embora os progressos das tropas russas no campo de batalha tenham sido lentos e dispendiosos, o ímpeto da guerra está a favor de Moscovo e o seu ataque tem capturado gradualmente cidades e vilas, sobretudo em Donetsk.
O Ministério da Defesa russo reivindicou hoje que as suas forças tinham tomado a aldeia de Pishchane.
No seu discurso diário em vídeo à nação, no domingo à noite, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, descreveu os combates em torno de Pokrovsk como "os mais intensos" nos últimos dias.
Em declarações separadas à imprensa local, Viktor Trehubov sugeriu que as pesadas perdas de tropas e blindados da Rússia na operação de Donetsk levaram o país a alterar a sua estratégia.
"Agora estão a agir com mais cautela", comentou.
O Presidente russo, Vladimir Putin, está a aproveitar a sua vantagem militar antes da chegada do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, à Casa Branca, na próxima semana.
O novo líder norte-americano diz que quer pôr um fim rápido à guerra, embora não tenha divulgado detalhes dos seus planos, e ambas as partes tentam consolidar as suas posições no campo de batalha, como foi o caso da ocupação de parte da província russa de Kursk pelas forças ucranianas, para obterem uma eventual vantagem em caso de negociações.
Em setembro de 2022, Moscovo anexou ilegalmente as regiões de Donetsk e de Lugansk, que compõem a área industrial economicamente importante do Donbass (leste ucraniano), juntamente com as províncias do sudeste de Kherson e Zaporijia.
Mas as forças russas, que já tinham anexado ilegalmente a península ucraniana da Crimeia em 2014, não controlam totalmente nenhuma delas.
As informações sobre o curso da guerra divulgadas pelas duas partes não podem ser frequentemente verificadas de imediato de forma independente.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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