Na Amazónia quanto maior a variedade de árvores maior a variedade de peixes

A extensão de floresta inundada, a variedade de espécies de árvores e a duração das inundações determinam a riqueza das espécies de peixes na Amazónia, segundo um estudo publicado na Academia Nacional de Ciências dos EUA.

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Lusa
14/01/2025 07:40 ‧ há 10 horas por Lusa

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Várias dezenas de cientistas de todo o mundo realizaram a primeira grande avaliação da variedade de peixes de água doce que habitam os mais de 6 milhões de quilómetros quadrados da floresta amazónica, 15% dos quais estão inundados durante grande parte do ano e albergam 29 espécies de peixes pertencentes a nove linhagens diferentes.

 

"São peixes frugívoros, assim chamados porque mais de metade do que comem são frutos, e migram através das florestas sazonalmente inundadas da bacia amazónica, realizando uma tarefa fundamental: espalhar sementes", explicou uma das principais autoras, a cientista colombiana Sandra Correa, da Universidade Estadual do Mississípi, em entrevista à agência EFE.

Estudar estas espécies tinha sido um desafio até agora, explica a investigadora, uma vez que migram através das florestas temporariamente inundadas em vários países da América Latina, razão pela qual os investigadores precisaram de quatro anos e mais de 300 mil registos para poderem descrever "a interdependência dos peixes e das florestas na Amazónia".

A investigadora sublinhou que os resultados apontam para "uma sincronização na época em que os rios inundam a floresta, que é um fator chave na interdependência dos peixes e das florestas na Amazónia".

Assim, quando os peixes entram na floresta, em decorrência da cheia dos rios, encontram o que o pesquisador define como "uma chuva de frutos" dos quais podem se alimentar e, posteriormente, propagar as sementes.

O estudo de mais de 140 sub-bacias amazónicas mostrou que o que determina a riqueza de peixes é a época da cheia, a duração e a variedade de árvores na floresta.

Ao mesmo tempo, também apontou as principais ameaças à biodiversidade de água doce: desmatamento e mudança no uso da terra, construção de barragens e poluição.

Os cientistas estão particularmente preocupados com a quantidade de zonas húmidas planeadas para a Amazónia: "Nenhuma árvore sobrevive às inundações permanentes provocadas pelas barragens e, com elas, todo o ecossistema piscícola é afetado, bem como a alimentação das populações locais", acrescenta Sandra Correa.

Os investigadores sublinham a necessidade de uma gestão ambiental adequada na região para salvaguardar estes valiosos ecossistemas de inundação, com práticas como a replantação de árvores em áreas derrubadas ou a inalteração do curso de água.

Ao mesmo tempo, salientam a necessidade de manter e conservar as áreas que ainda estão em bom estado, especialmente as florestas inundáveis localizadas entre a Amazónia ocidental brasileira e a Cordilheira dos Andes.

"Uma vez que cada espécie de peixe frugívoro tende a consumir o seu fruto preferido, precisamos de peixes de diferentes variedades para espalhar as sementes, manter a biodiversidade da floresta e garantir a sustentabilidade a longo prazo", conclui.

Leia Também: Brasil regista maior número de focos de incêndio em 14 anos

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