"Estou confiante e espero que a implementação comece, como dissemos, no domingo", afirmou Antony Blinken, na sua última conferência de imprensa em Washington, interrompida várias vezes por dois manifestantes, acreditados como jornalistas, contra "a cumplicidade" dos EUA a Israel, e que foram retirados da sala por seguranças.
Blinken disse ainda que tem estado a tentar solucionar os problemas que têm surgido em relação ao acordo de cessar-fogo anunciado na quarta-feira pelo Qatar, em colaboração com outros responsáveis da administração do Presidente cessante, Joe Biden.
"Não é surpreendente que num processo, numa negociação, que tem sido tão difícil, haja problemas. Estamos a tentar resolver este problema neste preciso momento", afirmou Blinken, sem mencionar mais detalhes.
A primeira fase do cessar-fogo de seis semanas anunciado na quarta-feira prevê uma primeira fase de 42 dias para verificação da cessação das hostilidades, a retirada das tropas israelitas da Faixa de Gaza para a fronteira e a libertação de 33 reféns detidos em território palestiniano, em troca de mil prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
O gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusa o movimento islamita palestiniano Hamas de recuar "em certos pontos" para "exigir concessões de última hora".
O gabinete de segurança israelita, que deve aprovar o acordo antes de ser votado no conselho de ministros, avançou hoje que não se reunirá até ter obtido garantias dos países mediadores de que o Hamas "aceitou todos os elementos do acordo".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito apelou em comunicado à entrada em vigor imediata do cessar-fogo e sublinhou "a necessidade de as partes aderirem às suas disposições e trabalharem para a implementação das suas fases nas datas especificadas".
O ministério egípcio manifestou igualmente determinação em organizar uma conferência internacional sobre a reconstrução do enclave, devastado por mais de 15 meses de guerra, e apelou à distribuição rápida, segura e eficaz da ajuda humanitária, bem como a "projetos de recuperação rápida com vista à reconstrução".
A televisão estatal Al Qahera News, próxima dos serviços secretos do Egito, informou que está "em curso" uma operação para reabrir a passagem de Rafah, na fronteira entre o Egito e Gaza, para permitir a entrada de ajuda humanitária.
O acordo entre Israel e o Hamas, alcançado após meses de conversações, deverá entrar em vigor no domingo, véspera da tomada de posse do Presidente eleito norte-americano, Donald Trump.
Uma segunda fase implicará a distribuição de ajuda humanitária em grande parte da Faixa de Gaza.
À medida que a primeira fase for sendo certificada, serão divulgados mais pormenores sobre fases seguintes do acordo.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro de 2023, no qual mais de 1.200 pessoas foram mortas e cerca de 250 foram levadas como reféns para o enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 46.788 mortos e cerca de 110.453 feridos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
[Notícia atualizada às 18h34]
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