LGBT? Estudo indica que 54% considera cabo-verdianos pouco tolerantes

Um total de 54% dos inquiridos num estudo considera a sociedade cabo-verdiana, em que os próprios se incluem, como pouco ou nada tolerante com a comunidade LGBTIQ+, anunciaram hoje os promotores.

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Lusa
17/01/2025 17:06 ‧ há 4 horas por Lusa

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Cabo Verde

"Isto aponta para a necessidade de um esforço institucional mais estruturado para incluir a temática na educação formal e em campanhas públicas", conclui o trabalho sobre a perceção da população cabo-verdiana sobre si própria, conduzido pelo Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), com apoio da cooperação espanhola.

 

Todavia, a coordenadora da Cooperação Espanhola em Cabo Verde, Patrícia Ramos, afirmou que o arquipélago tornou-se um "exemplo para África" na promoção dos direitos LGTBIQ+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, queer, intersexuais, assexuais e outros) e considerou o país como um "farol de esperança e progresso no continente africano" - face a países em que a homossexualidade chega a ser punida com penas severas, incluindo a morte.

Segundo o estudo, nos concelhos urbanos, como a Praia e São Vicente, há maior conhecimento e aceitação, refletindo o impacto do ambiente cultural e do acesso à informação sobre identidade de género ou orientação sexual.

Apenas 14,5% dos inquiridos indicam haver relações familiares próximas, apontando a dificuldade do reconhecimento no seio familiar: o ambiente é identificado como um espaço de tensão, com barreiras entre gerações e níveis educacionais.

Cerca de um quarto dos inquiridos disseram evitar discutir o tema em ambientes familiares ou sociais.

O sexo masculino apresenta maior indiferença em relação ao tema.

Embora 73,9% apoiem a igualdade de direitos, há uma dissonância entre essa aceitação e os direitos concretos com que concordam, como casamento (51,2%) e adoção (51,9%).

O estudo também identificou práticas discriminatórias normalizadas, especialmente em escolas, locais de trabalho e serviços de saúde, considerados os espaços de discriminação mais frequentes por 31% dos participantes.

O trabalho recomenda uma atualização do código penal para criminalizar explicitamente a homofobia e transfobia e reforçar as leis contra crimes de ódio baseados em género e orientação sexual.

O ministro da Família e Inclusão Social, Elísio Freire, presente na apresentação do estudo, na Praia, afirmou hoje que a inclusão da comunidade LGBTQI+ é uma questão de justiça e de direitos humanos.

"O resultado do estudo convida-nos à ação: é tempo de renovar o empenho pela educação em direitos humanos, por um diálogo entre diversas partes da sociedade e para o combate ao preconceito em todos os estereótipos existentes", referiu.

O estudo "A perceção social da população sobre as Pessoas LGBTIQ+ em Cabo Verde", apresenta os resultados de um estudo promovido pelo Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), realizado com o apoio financeiro da Cooperação Espanhola através da Associação Triângulo e executado pela empresa Analyses, entre outubro e dezembro de 2024.

O inquérito incluiu 767 entrevistados, residentes em cinco ilhas e seis concelhos nas ilhas de Santiago (Praia e Santa Catarina), Santo Antão (Ribeira Grande), São Vicente, Sal e Fogo (São Filipe).

Leia Também: Erdogan lança 'Ano da Família' com ataque à comunidade LGBTQ na Turquia

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