Donald Trump, o improvável presidente de regresso à Casa Branca

Depois de se ter tornado Presidente em 2017 sem qualquer experiência política, o empresário Donald Trump consumou esta segunda-feira um improvável regresso à Casa Branca, enquanto condenado e alvo de dois processos de destituição pelo assalto ao Capitólio.

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© Melina Mara/Reuters

Lusa
20/01/2025 21:13 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Estados Unidos

Trump, sucessor de Barack Obama como 45.º Presidente e agora de Joe Biden como 47.º Presidente, tomou posse hoje, numa cerimónia pública dentro do edifício do Capitólio (sede do Congresso norte-americano), em Washington, onde há quatro anos os seus apoiantes semeavam a destruição, uma página das mais negras da democracia norte-americana.

 

Na noite eleitoral, a 05 de novembro de 2024, Trump prometeu que a sua segunda vitória - ainda mais contundente do que a anterior, desta vez juntando ao colégio eleitoral o voto popular - iria "ajudar o país a curar-se".

"Prometo não descansar até entregar uma América forte, segura e próspera que os nossos filhos merecem e que vocês merecem", afirmou um exultante Trump, perante milhares dos seus apoiantes reunidos no Centro de Convenções de Palm Beach, no estado da Florida, depois de ter acompanhado a noite eleitoral no seu 'resort' em Mar-a-Lago.

Uma vitória que surpreendeu os analistas e especialistas de sondagens, que previam uma noite eleitoral renhida, e que selou um inesperado regresso, depois do assalto ao Capitólio em 06 de janeiro de 2021 pelos seus apoiantes, enquanto se recusava a aceitar a vitória eleitoral de Joe Biden, e que lhe valeu um segundo processo de destituição em 13 de janeiro desse ano fatídico, com apoio de muitos congressistas e senadores republicanos, por incitamento a insurreição.

Um primeiro processo de "impeachment" contra o ex-presidente já havia sido aprovado após um inquérito formal da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) ter concluído que Trump tinha solicitado interferência estrangeira na eleição presidencial dos Estados Unidos da América (EUA) de 2020 para ajudar a sua candidatura à reeleição e, em seguida, obstruiu o próprio inquérito.

O Senado (câmara alta), controlado pelos republicanos, ilibou-o mais tarde, tal como viria a fazer no segundo processo.

Trump torna-se hoje também o primeiro Presidente condenado num processo judicial, depois de o tribunal de Nova Iorque o ter considerado culpado de fraude contabilística num caso de pagamentos ilícitos a uma ex-atriz de filmes pornográficos com quem terá tido uma relação extraconjugal. Devido às funções presidenciais que agora assume, não irá cumprir pena.

Em junho de 2015, no arranque da campanha eleitoral que iria levá-lo ao primeiro mandato na Casa Branca (2017-2021), Donald Trump apresentou-se, sem ter exercido qualquer cargo público, como o futuro Presidente que iria restituir a grandeza aos Estados Unidos e, nessa altura, quase ninguém acreditou nessa hipótese.

Na altura, ao leme de uma campanha atípica, o mediático e controverso multimilionário quebrou todas as regras do politicamente correto, explorou as inseguranças dos americanos perante um mundo em mudança e conseguiu impor-se ao eleitorado do 'Grand Old Party' (GOP, como o Partido Republicano é conhecido) nas eleições primárias da força partidária para desespero de um aparelho republicano em "crise existencial" e sem qualquer "plano B".

O magnata nova-iorquino, que fez fortuna no setor imobiliário, já tinha considerado por diversas vezes avançar com uma candidatura presidencial, como foi o caso em 1988, 2000, 2004 e 2012, mas nunca chegou a vias de facto.

A 16 de junho de 2015, num discurso proferido no edifício Trump Tower, em Manhattan (Nova Iorque), Trump decidiu quebrar o ciclo e avançar para uma campanha impulsionada por um ego enorme e um espírito populista (e um penteado no mínimo elaborado) que não deixou ninguém indiferente.

Desde então, Trump falou de tudo, garantiu que não tinha dúvidas e não poupou ninguém, muito menos aqueles que têm opiniões contrárias às suas. Chegou a afirmar ser vítima de uma "elite global" e de uma "imprensa corrupta".

Excessivo e impulsivo, o empresário conseguiu captar instintivamente a raiva e as frustrações de milhares de americanos, muitos deles de uma classe trabalhadora branca zangada com a estagnação salarial e que se sentia traída pelas elites políticas e vítima da globalização e do comércio livre.

Antes de entrar no mundo político, Donald Trump já era uma figura bem conhecida dos americanos e com sede de mediatismo.

Os edifícios e os casinos com o seu nome, os casamentos e os divórcios nas primeiras páginas dos tabloides, a organização de concursos de beleza e a produção de programas de televisão colocaram Trump no circuito das estrelas sociais dos Estados Unidos.

Nascido no bairro nova-iorquino de Queens a 14 de junho de 1946, Donald John Trump foi o quarto de cinco filhos de um importante promotor imobiliário nova-iorquino. A sua mãe era uma imigrante escocesa.

Depois dos estudos na academia militar e na Universidade da Pensilvânia, Trump entra no negócio de família a 1968. Como incentivo, o pai ajuda-o com "um pequeno empréstimo de um milhão de dólares". Três anos mais tarde, o jovem empresário assume o controlo da empresa familiar.

O pai construía apartamentos para a classe média nos bairros nova-iorquinos de Brooklyn e Queens, mas Donald Trump preferiu mudar o rumo dos negócios e apostou em torres de luxo, hotéis, casinos e campos de golfe, de Manhattan ao Dubai.

Durante a sua carreira empresarial, sofreu vários contratempos. Entre 1991 e 2009, quatro dos seus casinos e hotéis são colocados sob a proteção da lei de falências.

Casou-se três vezes - duas modelos e uma atriz -- e tem cincos filhos.

Figura habitual nas páginas dedicadas a celebridades, Trump começou a fazer, ainda na década de 1980, participações especiais em filmes, séries e anúncios.

"Sozinho em Casa 2: Perdido em Nova Iorque", "O Sexo e a Cidade" ou "O Príncipe de Bel Air" são apenas alguns dos formatos que constam no seu currículo televisivo.

Até 2015 foi co-proprietário da organização dos concursos Miss Universo e Miss América e na década 2000 entrou numa aventura televisiva, como produtor e apresentador do formato de televisão "O Aprendiz".

Deste 'reality-show', que procurava um candidato para entrar no mundo dos grandes negócios, fica a frase com que eliminava cada concorrente: "You're fired" ("Está despedido"). A expressão deu ao agora regressado residente da Casa Branca, que sempre apostou nos lemas "América primeiro" ou "Fazer a América Grande Outra Vez", a fama de empresário implacável.

Leia Também: Trump promete atacar "elite corrupta" e iniciar "idade de ouro"

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