As reféns "estiveram nos túneis mais de oito meses sem ver a luz do sol", disse o vice-chefe do corpo médico das forças armadas israelitas, coronel Avi Banov.
"Mentalmente, é muito difícil", acrescentou, citado pela agência espanhola EFE.
As sete reféns libertadas no âmbito da trégua em vigor desde 19 de janeiro, explicaram que os vídeos que o Hamas divulgou delas dentro do enclave foram encenados.
"Disseram-nos [as reféns] que todos os vídeos encenados eram horríveis para elas. Elas sabiam que os vídeos iam ser enviados para as famílias", disse Banov.
Liri Albag, uma das quatro mulheres libertadas pelo Hamas no sábado, apareceu num vídeo divulgado pelo grupo islamita palestiniano em 04 de janeiro.
Na gravação, que faz parte da guerra psicológica do Hamas através dos reféns, Albag apela diretamente ao Governo israelita, perguntando: "Querem matar-nos?".
Banov disse que as mulheres libertadas chegaram à base de Reim, no sul de Israel com uma ligeira desnutrição, baixos níveis de vitaminas e uma má condição metabólica.
A base é a primeira paragem dos reféns quando saem de Gaza, onde se encontram com alguns familiares, fazem os primeiros exames médicos e, a partir daí, são enviados de helicóptero para um hospital em Telavive.
Aí, segundo o coronel, são aconselhados a não utilizar telefones e televisões por enquanto, fazem o primeiro exame médico, tomam um lanche e um duche antes ou depois de se encontrarem com os familiares.
"A maior parte deles tem algum tipo de ferimento de estilhaços. Alguns têm amputações (...). Fisicamente, vão demorar muito tempo a reabilitar-se", contou o coronel Banov.
Até à data, sete dos 94 reféns que restam em Gaza abandonaram o enclave. Todos eram mulheres jovens e os últimos quatro eram militares.
Dos 251 raptados nos ataques de 07 de outubro de 2023, 87 permanecem em Gaza (mais três anteriormente mantidos em cativeiro) e Israel calcula que 35 estejam mortos.
O Hamas entregou a Israel no domingo à noite a lista dos reféns vivos e mortos entre os 33 que deviam ser libertados durante a primeira fase do acordo de cessar-fogo, que começou em 19 de janeiro e durará 42 dias.
Além dos reféns, os militantes liderados pelo Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas durante o ataque sem precedentes que realizaram no sul de Israel a partir da Faixa de Gaza, segundo as autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva de grande escala contra Gaza que matou mais de 47.000 pessoas até agora e provocou a destruição generalizada do enclave palestiniano, segundo o Hamas, que governa o território desde 2007.
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