"Todos ao bloqueio" e "todos na rua", apelam os estudantes, com apitos ao pescoço, agrupados em vários cortejos que saíram das universidades esta manhã com destino a Autokomanda, um dos principais cruzamentos da capital sérvia.
Depois da chegada dos grupos, os estudantes guardaram 15 minutos de silêncio em homenagem às 15 pessoas mortas na queda da cobertura de betão da estação de Novi Sad, a segunda maior cidade da Sérvia, no dia 01 de novembro.
Parte da população avalia a catástrofe como uma prova da corrupção e da negligência das autoridades, num país que, sob a presidência do nacionalista Aleksandar Vucic, multiplicou os estaleiros e os grandes projetos.
As exigências são as mesmas desde há semanas, quando se iniciaram dos protestos: a publicação de todos os documentos relativos à renovação da estação, que acaba de ser concluída por empresas chinesas, húngaras e francesas.
Na lista de exigência estão ainda a detenção dos suspeitos de terem agredido fisicamente estudantes e professores desde o início dos protestos, a retirada das acusações contra os estudantes detidos e um aumento de 20% do orçamento para o ensino superior.
"Não se trata de apelar a um governo de transição, de derrubar as autoridades ou de qualquer outra coisa do género. Estamos simplesmente a pedir que as instituições façam o seu trabalho e respondam às quatro exigências que fizemos. É tudo", sintetiza Uros Velimirovic, 22 anos, estudante de engenharia eletrotécnica, no meio da multidão.
A agência France-Presse cita ainda Tamara Crnogorac, 20 anos, estudante de ciências, sobre a continuação dos protestos até que as "exigências sejam satisfeitas".
Dezenas de agricultores também chegaram a Belgrado com a intenção declarada de proteger os estudantes, estacionando os seus tratores à volta da manifestação, tal como alguns clubes de motociclistas da capital.
Desde o início das manifestações, vários estudantes foram feridos por automobilistas que forçaram a passagem pelos cordões de segurança também organizados pelos próprios manifestantes.
Na manifestação de sexta-feira que reuniu mais de 50.000 pessoas em Belgrado, segundo um organismo independente constituído por jornalistas e ativistas, uma estudante foi atropelada por um automobilista de 25 anos.
Os vídeos destes incidentes, que se tornaram virais, levaram o Presidente sérvio, confrontado com uma onda de revolta sem precedentes desde que chegou ao poder há 12 anos, a pedir à polícia que assegure a segurança das manifestações.
O Presidente Vucic deverá voltar a pronunciar-se ainda hoje.
A investigação do acidente na estação ainda está a decorrer e mais de uma dúzia de pessoas foram acusadas, incluindo o antigo ministro dos Transportes, Goran Vesic.
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