"O setor do turismo está longe de estar saturado", disse Ulisses Correia da Silva no discurso de encerramento do Fórum Económico Portugal-Cabo Verde, que decorreu hoje em Lisboa e que foi encerrado pelos chefes de governo dos dois países.
"Um milhão de passageiros [nos aeroportos] é um número interessante, mas podemos acelerar o crescimento através da diversificação que pretendemos, com outras ofertas para além de sol e praia, temos ilhas diferentes com possibilidades e ofertas diferentes", disse o governante.
O setor do turismo, que vale cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde, conheceu uma forte quebra durante a pandemia, originando uma recessão económica acumulada nos anos do confinamento à volta de 20% do PIB, mas está a recuperar, assegurou o governante, lembrando que o início das operações da companhia easyJet, no final do verão de 2024, "já teve um impacto interessante".
No ano passado, Cabo Verde recebeu mais de um milhão de turistas, "e em 2024 vamos no mesmo sentido, com um mercado em crescimento em procura e em oferta", salientou o governante.
Portugal é o terceiro maior investidor no turismo em Cabo Verde, a seguir à Espanha e à Bélgica, mas Ulisses Correia e Silva desafiou a plateia composta de empresários a "subirem na hierarquia", aproveitando as vantagens que o país apresenta.
Entre essas vantagens elencou os bons índices de governação, estabilidade, segurança e atratividade do ponto de vista fiscal, para além das facilidades administrativas por via da aposta nos serviços digitais.
No discurso, Correia e Silva salientou que Portugal "é um parceiro importante para Cabo Verde" em várias áreas, desde a cooperação para o desenvolvimento, mas também na relação comercial, que aliás mereceu uma nova abordagem na cimeira, disse o governante.
"Introduzimos nesta cimeira uma abordagem importante, que é a celebração de programas, acordos que interessam a Cabo Verde, para o seu desenvolvimento sustentável, mas ao mesmo tempo que criam oportunidades de investimento para o setor privado", disse o primeiro-ministro cabo-verdiano.
Os acordos, explicou, não são feitos para serem implementados pelas instituições públicas, mas sim pelo setor privado, seja na implementação do programa de troca de dívida por investimentos climáticos, que foi alargado para 42,5 milhões de euros, seja na utilização da linha de crédito de 100 milhões de euros.
"Quem concretiza é o setor privado, em áreas como a energia, economia digital, economia azul e turismo, que são áreas de alta prioridade para o governo, convergentes com o programa de cooperação estratégica", concluiu Correia e Silva, destacando que o que é preciso agora é "executar os acordos".
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