"Mais de meio milhão de pessoas deslocadas do nosso grande povo palestiniano regressaram nas últimas 72 horas das províncias do sul e centro para as províncias do norte e Gaza, através das estradas de Rashid e Salah al Din", avançaram as autoridades em comunicado.
O regresso dos palestinianos, a maioria dos quais percorre a pé o corredor Netzarim, que atravessa a Faixa no seu centro, acontece após "470 dias de deslocação forçada, desde o início da guerra genocida cometida pelo exército de ocupação na Faixa de Gaza", acrescentaram.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) estimava, na terça-feira à noite, que 376.000 habitantes de Gaza já tinham chegado ao norte sitiado da Faixa, que inclui a Cidade de Gaza e as cidades de Yabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun (conhecida como a província do Norte).
Esta foi uma das áreas mais afetadas pelo exército israelita, tanto no início como nos últimos meses antes da entrada em vigor do cessar-fogo, a 19 de janeiro.
Imagens publicadas nas redes sociais mostram as zonas para onde se dirigem milhares de deslocados, completamente destruídas e, segundo o OCHA, as avaliações no campo revelam níveis muito elevados de destruição de infraestruturas de água e saneamento, particularmente no norte de Gaza".
"Há uma necessidade crítica de intensificar os esforços de reabilitação e reparação para satisfazer as necessidades humanas básicas", afirmou a agência da ONU no seu último relatório.
Israel justificou os seus ataques nesta zona argumentando que as milícias palestinianas estavam a reagrupar-se.
Muitas das pessoas deslocadas que chegam ao norte começaram a montar tendas de campanha perto das suas casas destruídas, dizem hoje os jornais locais.
O regresso dos palestinianos ao norte da Faixa de Gaza tornou-se possível na sequência de um cessar-fogo entre as partes, alcançado com a ajuda do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos e que implica a troca de reféns israelitas por presos palestinianos.
No entanto, foi a libertação de um refém civil israelita que aliviou a primeira grande crise do cessar-fogo, já que Israel considerou que o Hamas estava a violar o acordo ao entregar militares antes de civis.
O governo do Hamas avisou na segunda-feira que a população do norte precisa "imediata e urgentemente" de 135 mil tendas, dada a devastação na área, para onde se dirigem dezenas de milhares de pessoas deslocadas pela guerra.
O apelo foi dirigido à comunidade e às organizações internacionais, à ONU e aos países árabes, tendo sido pedido que facilitem o acesso da população aos bens básicos.
A guerra começou a 07 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou território israelita matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria das quais civis, e fazendo 250 reféns.
Israel retaliou com todas as suas forças, prometendo erradicar o Hamas e obrigando 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza a deslocar-se, muitos deles várias vezes, até ficarem restringidos a acampamentos, quase sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.
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