Amã, 29 jan 2025 (Lusa) -- O Rei Abdullah II da Jordânia defendeu hoje que os palestinianos devem permanecer nas suas terras, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter sugerido transferir os habitantes da Faixa de Gaza para território jordano e egípcio.
Em comunicado do palácio real, Abdullah II insistiu na "posição firme da Jordânia" sobre a necessidade de "os palestinianos permanecerem nas suas terras".
No comunicado, o monarca também defendeu que "os direitos legítimos" dos palestinianos sejam garantidos, de acordo com a solução de dois estados de Israel e Palestina vivendo lado a lado.
As declarações do Rei da Jordânia foram transmitidas durante reuniões com as autoridades europeias em Bruxelas, de acordo com o palácio real.
Anteriormente, o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, também sustentou que qualquer transferência forçada de palestinianos seria uma injustiça na qual o seu país "não pode participar".
"Nunca poderá haver qualquer compromisso sobre os princípios fundamentais da posição histórica do Egito na causa palestiniana", declarou hoje o Presidente egípcio em conferência de imprensa no Cairo, junto do homólogo queniano, William Ruto.
O líder egípcio disse que os princípios do seu país incluem "o estabelecimento de um Estado palestiniano e a preservação dos seus componentes essenciais, particularmente o seu povo e o seu território".
Al-Sissi acrescentou que o Egito está determinado a trabalhar com Trump na procura de uma paz "com base na solução de dois Estados".
"Acreditamos que o Presidente Trump é capaz de alcançar este tão esperado objetivo de estabelecer uma paz justa e duradoura no Médio Oriente," desejou.
O Presidente norte-americano apresentou no sábado a ideia de enviar os habitantes da Faixa de Gaza para a Jordânia e Egito com o objetivo de "limpar" o território palestiniano.
No sábado, Trump comparou a Faixa de Gaza a um "campo de demolição" e disse ter falado com o Rei da Jordânia sobre a situação, acrescentando que faria o mesmo no domingo com o Presidente egípcio.
Aplaudida por membros de extrema-direita do Governo israelita, a sugestão de Trump é rejeitada por Egito, Jordânia, Autoridade Palestiniana, Liga Árabe e ONU, bem como pelos grupos palestinianos radicais Hamas e Jihad Islâmica.
O Irão também rejeitou a proposta, referindo que os palestinianos não podem ser expulsos do seu território, e sugeriu ironicamente a expulsão dos israelitas para a Gronelândia, numa alusão às exigências territoriais feitas por Trump relativamente ao território autónomo dinamarquês.
Quinze meses de guerra entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza provocaram mais de 47 mil mortos e um elevado nível de destruição de infraestruturas no território controlado pelo grupo extremista palestiniano desde 2007.
A ofensiva israelita foi desencadeada por um ataque do Hamas contra Israel, em 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.
Os combates cessaram em 19 de janeiro, véspera da posse de Trump como Presidente dos Estados Unidos, no âmbito de um acordo de cessar-fogo negociado por vários mediadores, incluindo o Qatar e o Egito.
Desde que entrou em vigor, a trégua permitiu a troca de sete reféns israelitas por centenas de prisioneiros palestinianos e o reforço da ajuda humanitária no enclave devastado.
Leia Também: AR debate na quinta-feira recomendações sobre reconhecimento da Palestina