Todos os 51 arguidos foram condenados no primeiro julgamento, que decorreu entre setembro e dezembro de 2024 em Avignon (sul de França).
Dezassete deles decidiram recorrer da decisão, mas quatro acabaram por retirar o recurso, pelo que serão 13 a comparecer no tribunal de Nîmes, no sul de França.
O principal arguido, o marido, Dominique Pelicot, de 72 anos, foi condenado a 20 anos de prisão, com obrigatoriedade de cumprir pelo menos dois terços, e não recorreu da sentença.
Dominique Pelicot não recorreu porque "se recusa" a obrigar "Gisèle a um novo calvário, a novos confrontos", declarou à agência France-Presse a advogada, Béatrice Zavarro.
Os 13 coarguidos que recorreram têm até à abertura deste segundo processo a possibilidade de desistir do recurso.
Dominique Pelicot, que drogou e violou a mulher e recrutou dezenas de homens na internet para também a violarem, deverá ser chamado a depor em tribunal, como testemunha.
Os 50 coarguidos, com idades compreendidas entre os 27 e os 74 anos, foram também considerados culpados de violar Gisèle Pelicot na sua casa em Mazan, entre 2011 e 2020, e condenados a penas de prisão entre três anos para um reformado, por agressão sexual, e 15 anos de prisão para um homem que violou Gisèle Pelicot seis vezes.
Gisèle Pelicot, também deverá estar presente no novo julgamento.
A vítima, que foi casada com Dominique 50 anos, tornou-se um ícone feminista por se recusar a ter um julgamento à porta fechada, para que "a vergonha mude de lado".
A septuagenária "não tem medo", quer participar e "está a preparar-se para enfrentar este novo julgamento com a mesma determinação e coragem", afirmou o seu advogado, Antoine Camus.
Apesar de só comparecer na qualidade de testemunha neste julgamento, Dominique Pelicot está ainda a ser acusado pela unidade de "casos arquivados" de Nanterre por uma tentativa de violação em 1999 e por uma violação e posterior homicídio de uma agente imobiliária de 23 anos em Paris, em 1991.
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