Os corpos dos migrantes da África Subsariana foram encontrados numa vala comum perto de um centro de detenção ilegal na região de Kufra, no extremo sudeste da Líbia, segundo o gabinete do procurador.
A descoberta ocorreu após uma operação das forças de segurança neste centro gerido por uma rede de traficantes de pessoas, onde 76 migrantes da África Subsariana eram "mantidos em cativeiro", disse a mesma fonte.
Uma investigação identificou a existência de um "gangue, cujos membros sequestravam migrantes irregulares, torturavam-nos e submetiam-nos a tratamentos cruéis, degradantes e desumanos", acrescentou o Ministério Público.
Fotos publicadas hoje nas redes sociais mostraram indivíduos emagrecidos com cicatrizes na cara, membros e costas.
A Líbia está mergulhada no caos político e de segurança desde a queda do ditador Muammar Kadhafi, em 2011, após uma revolta popular.
Governado por dois executivos rivais --- um em Tripoli (oeste), reconhecido pela ONU, o outro em Benghazi (leste) apoiado pelo clã do marechal Khalifa Haftar --- o país, situado a cerca de 300 quilómetros da costa italiana, tornou-se num dos principais polos de tráfico de pessoas do continente.
Dezenas de milhares de migrantes da África Subsariana, em busca de uma vida melhor na Europa, tornam-se vítimas de traficantes e muitos morrem ao tentar a perigosa travessia do Mediterrâneo.
No final de janeiro, o gabinete do procurador-geral de Trípoli ordenou a detenção de dois membros de um gangue criminoso acusados de torturar 263 migrantes irregulares de África para extorquir resgates.
Segundo o magistrado, o grupo estava a operar num campo de detenção na zona de al-Wahat, uma região desértica sob o controlo das forças do marechal Haftar, a cerca de 750 quilómetros a sudeste de Tripoli.
Em março de 2024, foi descoberta uma vala comum contendo "pelo menos 65 corpos de migrantes" no sudoeste da Líbia, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
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