"O Cairo está indignado com as declarações de Israel e dos Estados Unidos e enviou uma mensagem clara a Washington", disseram as fontes à agência espanhola EFE sob condição de não serem identificadas dada a sensibilidade do assunto.
De acordo com as fontes, o Egito rejeitou "três propostas relativas à Faixa de Gaza" apresentadas por Washington, porque incluíam a "deslocação e o não regresso" dos habitantes do enclave palestiniano, algo que o Cairo e o resto dos países árabes rejeitaram categoricamente.
As fontes que falaram à EFE disseram que as tensões entre o Cairo e Washington "não permitem uma visita" de Al-Sisi "porque as posições são completamente opostas".
Acrescentaram que Al-Sisi só visitará Washington se Trump retirar a proposta e asseguraram que o Egito não está disposto a desistir da causa palestiniana.
O Presidente do Egito tem pendente uma visita protocolar aos Estados Unidos para se reunir com Trump, que tomou posse em 20 de janeiro.
A limpeza étnica, entendida como a expulsão forçada de um grupo étnico de um território, constitui um crime contra a humanidade e pode ser considerada um crime de genocídio, de acordo com as Nações Unidas.
Com o apoio da Jordânia, da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e do Qatar, aliados tradicionais de Washington, o Egito liderou os esforços diplomáticos contra o plano de Trump.
"O Egito não pode fazer isto sozinho e precisa realmente do apoio dos árabes, particularmente dos Estados do Golfo, para adotar uma posição árabe unificada sobre a questão da deslocação", disse o diretor do programa norte-americano do International Crisis Group, Michael Hanna.
"O Egito não tem influência económica, mas o apoio do Golfo reforça o seu poder de decisão na cena internacional e face a Trump", acrescentou, em declarações à agência francesa AFP.
O Egito, historicamente um mediador no conflito israelo-palestiniano, foi o país que tomou a posição mais determinada contra a proposta de Trump.
Al-Sissi descreveu a medida como uma injustiça na qual o Egito não podia participar, enquanto o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Badr Abdelatty, mobilizou o apoio regional.
Uma declaração firme da diplomacia egípcia esta semana também rejeitou qualquer compromisso que possa pôr em causa o direito dos 2,4 milhões de palestinianos de Gaza a permanecerem no território.
O Egito anunciou a realização de uma cimeira árabe extraordinária no Cairo, no final do mês, e afirmou que vai "apresentar uma visão global" para a reconstrução de Gaza para garantir que os palestinianos permaneçam nas suas terras.
A posição de Trump sobre Gaza introduziu um novo elemento de complexidade nas negociações para manter um cessar-fogo entre Israel e o grupo extremista Hamas, que controla o enclave desde 2007.
A Faixa de Gaza ficou praticamente destruída após 15 meses de ataques israelitas que causaram mais de 48 mil mortos, em resposta aos ataques do Hamas de outubro de 2023 que mataram 1.200 pessoas em Israel.
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