Perante as afirmações do presidente norte-americano, Donald Trump, que se tem mostrado decidido a comprar a Gronelândia, surgiu uma petição na Dinamarca que sugere que o país leve “hygge [termo que exalta um ambiente de conforto e de convívio] a Hollywood”, através da compra da Califórnia.
“Alguma vez olhou para um mapa e pensou: ‘Sabem do que a Dinamarca precisa? Mais sol, palmeiras e patins’. Bem, temos uma oportunidade única na vida de tornar esse sonho realidade. Vamos comprar a Califórnia a Donald Trump”, lê-se na descrição da petição, que acumulou 241.427 assinaturas até à data de publicação desta notícia.
A petição justificou que, enquanto a Califórnia desfruta de “300 dias de sol por ano”, “o clima da Dinamarca é... bem, digamos que é acolhedor”. Além disso, “toda a democracia precisa” de mais “amigos da tecnologia”, ainda que “a maioria das pessoas diga que temos a melhor liberdade”.
“A Califórnia produz 90% dos abacates dos Estados Unidos. É isso mesmo - nunca vamos ficar sem tostas de abacate”, complementou.
Com a compra do estado norte-americano, a Disneyland passará a chamar-se Hans Christian Andersenland, em homenagem ao escritor e poeta dinamarquês, e o rato Mickey envergará um capacete viking.
“É do interesse nacional promover o extraordinário património da nossa Nação, por isso a Califórnia tornar-se-á Nova Dinamarca. Los Angeles? Será Løs Ångeles. […] Levaremos o hygge a Hollywood, as ciclovias a Beverly Hills e o smørrebrød orgânico a todas as esquinas. O Estado de Direito, os cuidados de saúde universais e a política baseada em factos podem aplicar-se”, garantiu.
Para o efeito, será necessário angariar cerca de um bilião de dólares (cerca de 965.588.000.000 euros), o que se traduz em 200 mil coroas norueguesas (cerca de 17.092 euros) por cada dinamarquês.
“Enviaremos os nossos melhores negociadores - executivos da Lego e o elenco de Borgen”, lê-se.
A petição não se ficou por aqui, tendo atirado que “se Trump quer vender a Califórnia, ele vende a Califórnia”.
“Sejamos honestos - Trump não é exatamente o maior fã da Califórnia. Já lhe chamou ‘o estado mais arruinado da União’ e há anos que anda zangado com os seus líderes. Temos quase a certeza de que estaria disposto a separar-se dela pelo preço certo. E até oferecemos um fornecimento vitalício de pastelaria dinamarquesa para adoçar o negócio. Quanto à vontade dos cidadãos? Bem, sejamos realistas - quando é que isso alguma vez o impediu?”, questionou.
No final da página, sublinha-se que “esta campanha é 100% real... nos [seus] sonhos”.
Recorde-se que Donald Trump disse pela primeira vez que queria comprar a Gronelândia em 2019, durante o seu primeiro mandato na Casa Branca, uma oferta que tanto o território autónomo, como a Dinamarca rejeitaram.
O presidente norte-americano declarou recentemente que a "propriedade e o controlo" da Gronelândia é "uma necessidade absoluta" para a segurança nacional dos Estados Unidos, tendo inclusivamente admitido que não excluía a possibilidade de recorrer à força militar ou à coerção económica para assumir o controlo da região.
O responsável considerou, entretanto, que a Dinamarca acabará por recuar em relação à Gronelândia, embora Copenhaga tenha reafirmado que o território autónomo e rico em recursos não está à venda.
Esta ilha ártica com dois milhões de quilómetros quadrados (80% dos quais cobertos de gelo) conta com uma população de apenas 56 mil habitantes.
Desde 2009 que a Gronelândia tem um novo estatuto que reconhece o direito à autodeterminação.
Os Estados Unidos mantêm uma base militar no norte da Gronelândia ao abrigo de um amplo acordo de defesa assinado em 1951 entre Copenhaga e Washington.
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