"A questão agora é chegar a acordo sobre como iniciar as negociações sobre a Ucrânia, uma vez que a parte norte-americana ainda não nomeou um negociador-chefe que possa tratar connosco", revelou Yuri Ushakov, conselheiro internacional do Kremlin, em declarações à televisão estatal russa.
Ushakov acrescentou que a reunião de terça-feira entre representantes russos e norte-americanos, na capital saudita, Riade, irá centrar-se em "conversações bilaterais".
"Foi para isso que nos deslocámos a Riade", afirmou o conselheiro do Kremlin, aludindo também ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov e ao diretor do fundo soberano russo, Kirill Dmitriev, que poderá participar para discutir questões económicas.
O foco da reunião será "discutir o restabelecimento de relações normais, o início de possíveis negociações sobre a Ucrânia e também as perspetivas de contactos ao mais alto nível", acrescentou.
Apesar de ser pública a deslocação do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, a Riade, foi o Kremlin que anunciou hoje a reunião.
"Na terça-feira, em Riade, deverá realizar-se uma reunião com os seus homólogos norte-americanos, que se centrará, em primeiro lugar, no restabelecimento de todas as relações entre a Rússia e os Estados Unidos", afirmou o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária.
Trata-se da primeira reunião entre um ministro dos Negócios Estrangeiros russo e um secretário de Estado norte-americano desde janeiro de 2022, um mês antes do início da guerra da Ucrânia. Na altura, o encontro foi mantido entre Lavrov e Antony Blinken, que liderava a diplomacia da administração democrata de Joe Biden.
Rubio já garantiu à CBS News que há "um longo caminho a percorrer" antes de abrir negociações de paz com a Rússia.
Do lado norte-americano, deslocaram-se também a Riade o enviado especial para o Médio Oriente, Steve Witkoff, e o conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que também se encontra no Médio Oriente e viajará para a Arábia Saudita nos próximos dias, disse que não reconheceria qualquer resultado da reunião e recordou que os EUA não têm o direito de falar com a Rússia sobre assuntos que afetam Kyiv sem o seu envolvimento.
O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na passada quarta-feira, após uma conversa telefónica com o homólogo russo, Vladimir Putin, um entendimento bilateral para o início de negociações de paz na Ucrânia sem a Europa, o que indignou Bruxelas e Kyiv.
Numa reação a estas movimentações, o Presidente francês, Emmanuel Macron, decidiu promover hoje uma reunião em Paris com vários líderes europeus para discutir a Ucrânia e segurança na Europa.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kyiv também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
O conflito de quase três anos provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.
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