O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu esta segunda-feira que as tarifas de 25% sobre as importações do México e do Canadá começariam hoje, gerando receios de uma guerra comercial na América do Norte. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, já responderam - anunciando retaliações.
As importações de Canadá e México passam a ser tributadas a 25%, enquanto os produtos energéticos canadianos ficam sujeitos a taxas de 10%. "Amanhã [terça-feira], tarifas de 25% para o Canadá e de 25% para o México. E isso vai começar", destacou Trump, na segunda-feira, aos jornalistas na Sala Roosevelt.
Trump tinha dito que as tarifas seriam para forçar os dois vizinhos dos EUA a intensificar a sua luta contra o tráfico de fentanil para os EUA, mas realçou ontem que "já não há espaço para o México ou para o Canadá" evitarem as novas tarifas elevadas.
De recordar que Trump concedeu um adiamento de um mês, em fevereiro, enquanto quer o México, quer o Canadá prometeram concessões.
Esta terça-feira, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou que o país vai responder às tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos da América com tarifas retaliatórias sobre produtos norte-americanos.
Sheinbaum disse que vai revelar os produtos a que serão aplicadas as tarifas no domingo, num evento público na praça central da Cidade do México, segundo a Associated Press (AP).
"Não há motivo ou razão que sustente esta decisão que vai afetar os nossos povos e as nossas nações", afirmou a chefe de Estado.
Sheinbaum criticou ainda as tarifas por considerar que "é inconcebível que não pensem nos danos que isso vai causar aos cidadãos e empresas" dos EUA com o aumento dos preços dos produtos. "Ninguém ganha com esta decisão", acrescentou, registando que vai formar dificuldades na criação de emprego.
Já o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, disse hoje que o objetivo do Presidente dos Estados Unidos ao impor tarifas ao Canadá é "derrubar a economia canadiana" para poder "anexar" o país.
"É isso que ele quer", insistiu o chefe do governo canadiano numa conferência de imprensa, algumas horas depois de os Estados Unidos terem imposto tarifas de 25% sobre os produtos canadianos.
Justin Trudeau sublinhou que as razões apresentadas por Trump são "falsas" e que "a desculpa do fentanil é fictícia". Neste contexto, "não sei que negociações" o Canadá poderia encetar com os Estados Unidos, acrescentou o chefe do governo demissionário, que será substituído dentro de alguns dias.
O primeiro-ministro confirmou também a retaliação canadiana anunciada na segunda-feira à noite e que passa pela imposição de direitos aduaneiros de 25% sobre certos produtos norte-americanos, nomeadamente carne, ovos, fruta e vinho.
"Vai ser duro e vai atingir duramente o Canadá", mas o país não vai recuar, acrescentou, prometendo a vitória do Canadá face "à decisão estúpida" de Donald Trump.
A resposta de Trump a Trudeau chegou por via de uma mensagem publicada pelo presidente dos Estados Unidos na Truth Social. Nesta, prometeu aumentar as tarifas em virtude da eventual retaliação canadiana anunciada.
Quando Trudeau impuser "uma Tarifa de Retaliação aos EUA, a nossa Tarifa Recíproca aumentará imediatamente num valor semelhante!", escreveu Trump.
E as tarifas à China? EUA "escolheram o adversário errado"
Donald Trump (também) assinou ontem uma ordem executiva que aumenta as tarifas sobre os produtos chineses que entram nos Estados Unidos de 10% para 20% em todos os setores, revelou a Casa Branca.
A administração liderada pelo republicano critica Pequim por não fazer o suficiente para limitar o fluxo de fentanil para os Estados Unidos.
As tarifas, inicialmente anunciadas em 1 de fevereiro como uma medida para combater a crise dos opioides que assola o país, entram agora em vigor devido à incapacidade da China de "combater a inundação de fentanil que flui para o nosso país", destacou a Casa Branca, numa publicação na rede social X.
A China também vai retaliar e anunciou hoje a imposição de taxas alfandegárias adicionais de até 15% sobre as importações dos principais produtos agrícolas dos Estados Unidos, incluindo frango, carne de porco, soja e carne de vaca. Deverão entrar em vigor a partir de 10 de março.
Também esta terça-feira, o país manifestou-se pronto para retaliar "até ao fim" a decisão dos Estados Unidos de aumentar as tarifas comerciais sobre produtos chineses.
Se Washington persistir em travar uma "guerra tarifária, uma guerra comercial ou qualquer outra forma de conflito, a China estará pronta para ripostar até ao fim", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês durante uma conferência de imprensa.
Lin Jian referiu, posteriormente, que advertiu que a China "não cederá a pressões" e acusou os Estados Unidos de utilizarem as taxas alfandegárias como instrumento político, no meio de uma escalada da guerra comercial entre as duas potências.
"A China não tolera a hegemonia nem a intimidação. Se os EUA insistirem em táticas de pressão máxima contra a China, escolheram o adversário errado", reiterou.
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