A oposição na Grécia apresentou hoje uma moção de censura no Parlamento contra o Governo do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, acusando-o de tentar encobrir as suas responsabilidades no acidente ferroviário que provocou 57 mortos em 2023.
A moção, que será provavelmente votada na sexta-feira, foi apresentada por quatro partidos: o social-democrata Pasok e os esquerdistas Syriza, Nova Esquerda e Curso pela Liberdade.
"A desaprovação social das práticas de impunidade e encobrimento que pesam sobre o Governo já deu origem a uma forte reivindicação popular por justiça e transporte ferroviário seguro", pode ler-se na moção.
Salientou ainda que o governo conservador de Mitsotakis se tinha "recusado obstinadamente" a atender a essas exigências populares.
Como o partido no poder Nova Democracia tem maioria absoluta no parlamento, é pouco provável que a moção tenha sucesso.
A oposição descreveu tanto o governo como o primeiro-ministro como "deslegitimados" após os protestos de sexta-feira, quando o segundo aniversário da tragédia levou centenas de milhares de cidadãos às ruas exigindo justiça.
Em 28 de fevereiro de 2023, um comboio de mercadorias colidiu de frente com um comboio de passageiros perto da cidade de Tempe, num troço da linha que não tinha sistemas de segurança automatizados.
A moção foi apresentada no parlamento num debate aceso entre os líderes da oposição e Mitsotakis, que acusou a oposição de "explorar politicamente" a tragédia.
Nikos Andrulakis, presidente do Pasok, acusou o Governo de "incompetência criminosa", e o chefe do executivo de "mentir descaradamente" sobre o sucedido.
Mitsotakis rejeitou como "teorias da conspiração" as alegações da oposição de que o local do acidente tinha sido alterado e que o comboio comercial transportava carga não declarada, o que levou a uma grande explosão após a colisão.
Na quinta-feira, a Autoridade Nacional de Investigação de Acidentes Aéreos e Ferroviários divulgou um relatório dizendo que a cena do acidente foi adulterada de uma forma que levou à destruição de provas e que a carga declarada do comboio comercial não pode explicar a explosão que ocorreu após o acidente.
Várias associações universitárias e grupos extraparlamentares de esquerda convocaram manifestações para hoje de tarde - quando a moção de censura começava a ser debatida no Parlamento - em Atenas, que contou com cerca de 13 mil participantes, segundo a polícia. Outras cidades também receberam protestos para exigir justiça.
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