Numa intervenção no Sejm, a câmara baixa do Parlamento polaco, Donald Tusk sublinhou que o treino militar permitirá criar uma força de reservistas "adequada a possíveis ameaças".
O discurso centrou-se na situação de segurança internacional, tendo como pano de fundo o facto de a Polónia estar situada no flanco oriental da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e estar também "profundamente preocupada" com a guerra na Ucrânia.
Fontes oficiais polacas citadas sob anonimato pela agência noticiosa Associated Press (AP) salientam que se teme que, se a Ucrânia for derrotada, a Rússia volte as suas ambições imperiais para países como a Polónia, que controlou durante o século XIX e durante a Guerra Fria.
Jaroslaw Kaczynski, o líder do maior partido da oposição polaca, o conservador Lei e Justiça, disse que seria necessária uma mudança mental na sociedade, para além do treino militar dos homens.
"Teremos de regressar ao ethos [conjunto dos costumes e práticas características de um povo em determinada época ou região] cavalheiresco e ao facto de os homens também deverem ser soldados, ou seja, serem capazes de se exporem, mesmo à morte", disse Kaczynski.
A preocupação tem crescido na Polónia e na maior parte da Europa à medida que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mudou a posição norte-americana de defensor da Ucrânia para reter ajuda militar e inteligência e sinalizar um apoio à posição da Rússia.
"Se a Ucrânia perder a guerra ou se aceitar os termos de paz, armistício ou capitulação de uma forma que enfraqueça a sua soberania e facilite o controlo da Ucrânia pelo Presidente russo [Vladimir Putin], então, sem dúvida -- e todos podemos concordar com isso -- a Polónia encontrar-se-á numa situação geopolítica muito mais difícil", acrescentou, por sua vez, Tusk.
Também hoje, o Presidente da Polónia, Andrzej Duda, indicou que vai submeter à apreciação uma alteração à Constituição polaca que obrigará o país a gastar pelo menos 4% do seu PIB (Produto Interno Bruto) por ano em defesa.
A Polónia já é o país da NATO que mais gasta com a defesa em percentagem da sua economia, tendo gasto mais de 4% do seu PIB este ano.
Mas Duda disse que queria aproveitar o consenso que existe atualmente na cena política polaca sobre o assunto para o consagrar na Constituição.
Trump sugeriu que os Estados Unidos poderão abandonar os seus compromissos com a aliança se os países membros não cumprirem os objetivos de despesa com a defesa.
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