"Nós, que vivemos o inferno na primeira pessoa, sabemos que o regresso aos combates é um perigo real para as vidas daqueles que ficaram para trás", alertaram os reféns libertados numa carta aberta a Netanyahu, divulgada pelos meios de comunicação social israelitas.
No texto, os antigos reféns lamentam que desde a primeira trégua, em novembro de 2023, até ao início do atual cessar-fogo, em 19 de janeiro, morreram mais pessoas detidas pelo Hamas no enclave do que aquelas que foram libertadas em operações militares do Exército israelita.
"Israel foi fundado para defender o povo judeu, mas em 07 de outubro [de 2023] falhou. A única forma de começar a redimir este enorme fracasso é trazer de volta todos os reféns", alegam os subscritores da carta, referindo-se aos ataques do Hamas em território israelita, que desencadearam o atual conflito.
A carta foi publicada no mesmo dia em que o grupo armado palestiniano divulgou um vídeo de propaganda que mostra o refém israelita Matan Angrest vivo, pedindo ao Presidente norte-americano, Donald Trump, para pressionar Netanyahu a manter o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.
O Hamas reiterou na quinta-feira o seu compromisso com as negociações para a segunda fase do acordo de cessar-fogo, dado o aparente impasse nas negociações indiretas com Israel.
A parte israelita defende um prolongamento da primeira fase do acordo até meados de abril e exige a "desmilitarização total" da Faixa de Gaza, a saída do Hamas do território e o regresso dos últimos reféns antes de se passar à etapa seguinte.
O Hamas, por sua vez, exige a implementação da segunda fase do acordo, que deverá conduzir a um cessar-fogo permanente, e insiste em permanecer na Faixa de Gaza, onde governa desde 2007.
Na primeira fase, que terminou em 01 março, após 42 dias em vigor, 33 reféns israelitas (oito dos quais mortos) foram libertados em troca de quase 1.800 prisioneiros palestinianos nas cadeias de Israel.
Permanecem ainda 59 reféns em posse do Hamas, dos quais Israel suspeita que 35 estejam mortos.
O Hamas atacou o sul de Israel em 07 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e capturando 251.
Em resposta, Israel lançou um ataque em grande escala na Faixa de Gaza, matando mais de 48.000 pessoas, na maioria civis, segundo números das autoridades locais controladas pelo Hamas, destruindo a maior parte do enclave palestiniano, que está mergulhado numa grave crise humanitária.
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