Duterte foi detido hoje à chegada ao aeroporto de Manila num voo proveniente de Hong Kong no cumprimento de um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI), que o acusou de crimes contra a humanidade.
Os alegados crimes terão sido cometidos durante o seu mandato (2016-2022) no âmbito de uma campanha antidroga, que incluiu execuções extrajudiciais e que terá provocado entre 6.000 mortos, segundo a polícia, e 30.000, segundo organizações não-governamentais.
O Gabinete dos Direitos Humanos das Nações Unidas disse que durante anos houve impunidade para os alegados crimes cometidos pelas autoridades filipinas e expressou o desejo de medidas para a responsabilização dos culpados.
"Apenas quatro casos resultaram em condenações", disse a porta-voz da agência da ONU, Ravina Shamdasani, numa conferência de imprensa em Genebra, Suíça, ao reagir à detenção de Duterte.
"É crucial abordar esta impunidade e é essencial que os próximos passos com Duterte apliquem as obrigações das Filipinas ao abrigo do Direito internacional", afirmou, citada pela agência espanhola EFE.
A porta-voz alertou para a necessidade de "proteger as vítimas e as testemunhas de possíveis represálias à medida que o processo avança".
Saudou também as famílias das pessoas afetadas por abusos durante a guerra contra a droga, "que demonstraram grande coragem na procura de justiça durante tantos anos".
Referiu ainda que o gabinete liderado por Volker Turk publicou um relatório sobre a guerra antidroga nas Filipinas em 2020, no qual concluiu que havia provas de violações generalizadas e sistemáticas dos direitos humanos, como execuções extrajudiciais e detenções arbitrárias.
Leia Também: Ex-presidente filipino detido vai ser transferido de imediato para Haia