"Nos debates dos últimos dias, ouvi pessoas a questionar de alguma forma a ameaça geopolítica. O Presidente da República inventaria a ameaça russa", disse o chefe de Estado francês no lançamento da futura sede da Direção-Geral de Segurança Interna em Saint-Ouen, perto de Paris.
Emmanuel Macron classificou como obsessões atitudes como a da líder dos deputados do partido de extrema-direita União Nacional (RN, em francês), Marine Le Pen, que defendem que "a verdadeira ameaça é o terrorismo" ou o islamismo.
"Estas pessoas não têm acompanhado as notícias, obviamente", afirmou hoje o Presidente francês, que tem "soado o alarme" nas últimas semanas sobre a "ameaça russa" que afeta a Europa, "numa altura em que o equilíbrio do mundo está a ser reconfigurado".
Segundo Macron, "uma grande nação não tem de escolher, tem de responder" e "não tem de decidir se quer combater as ameaças geopolíticas que enfrenta ou as ameaças ao seu próprio território colocadas pelos terroristas. Tem de fazer as duas coisas ao mesmo tempo".
"Não esperámos para lutar contra a ameaça terrorista", afirmou, depois de ter defendido longamente a sua atuação nesta matéria, acrescentando que o país não se quer submeter e quer escolher o seu próprio destino, invocando o direito a "uma vida pacífica".
No início de março, o Presidente francês anunciou querer "abrir o debate estratégico" sobre a proteção da Europa pelas armas nucleares francesas com os aliados dispostos a garantir a paz futura na Ucrânia e a proteção do continente europeu, para não depender da dissuasão norte-americana para fazer face às ameaças da Rússia.
A França é a única potência nuclear da União Europeia (UE), numa altura em que a Rússia, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, continua a apostar no rearmamento.
Para Macron, a paz na Ucrânia "implicará também, talvez, o envio de forças europeias", especificando que estas "não iriam combater hoje, não iriam combater na linha da frente, mas estariam lá, pelo contrário, assim que a paz fosse assinada, para garantir o seu pleno respeito".
O chefe de Estado francês reúne-se esta tarde em Paris, os chefes de Estado-Maior dos exércitos da União Europeia e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) dispostos a garantir a futura paz na Ucrânia, no âmbito do Fórum de Paris sobre Defesa e Estratégia, organizado de 11 a 13 de março.
[Notícia atualizada às 15h17]
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