O presidente polaco, Andrzej Duda, instou os Estados Unidos a transferirem armas nucleares para a Polónia, no âmbito da NATO, como forma de dissuasão contra eventuais agressões russas, noticia o jornal Financial Times.
Duda disse numa entrevista ao jornal britânico que o presidente Donald Trump poderia transferir para a Polónia ogivas nucleares atualmente armazenadas noutros locais da Europa Ocidental ou nos Estados Unidos.
O líder polaco afirmou ter feito a mesma proposta ao enviado especial dos Estados Unidos para a Ucrânia e a Rússia, Keith Kellogg.
"As fronteiras da NATO foram deslocadas para leste em 1999, por isso, 26 anos depois as infraestruturas também deveriam ser deslocadas para leste. Para mim, isto é óbvio", afirmou Duda na entrevista.
"Penso que não é apenas porque chegou o momento, mas porque seria mais seguro se essas armas já cá estivessem", afirmou.
De acordo com o jornal, Duda espera reavivar um projeto de colaboração nuclear que apresentou sem sucesso em 2022 à Administração do ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden.
O presidente polaco também considera a sugestão da França de incluir outros países sob a proteção nuclear europeia como uma boa opção para a defesa da Polónia.
O jornal escreve ainda que o armazenamento de armas nucleares na Polónia - cujo antigo regime comunista acolheu ogivas soviéticas durante a Guerra Fria - poderia ser visto como uma ameaça pelo Governo russo.
O presidente polaco sublinhou que a decisão sobre onde colocar o armamento dos Estados Unidos cabe ao presidente Donald Trump Trump, mas recordou que o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, anunciou em 2023 que iria transferir armas nucleares para a Bielorrússia.
Duda frisou que a Rússia não hesitou em deslocar armas nucleares para a Bielorrússia, sem pedir "autorização a ninguém".
Contrariamente à sugestão do rival político e primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, o presidente da Polónia excluiu a possibilidade de o país desenvolver o próprio arsenal nuclear.
O chefe de Estado considera que seriam necessárias várias décadas para conseguir estabelecer armas próprias.
Por outro lado, considerou improvável que Trump venha a recuar no compromisso reafirmado em fevereiro de manter as tropas norte-americanas na Polónia.
"Somos um aliado credível dos Estados Unidos e eles têm os seus próprios interesses estratégicos aqui", afirmou na mesma entrevista.
O presidente polaco disse também que Donald Trump não é particularmente favorável a Moscovo nas negociações com Kyiv para cessar os combates.
"Não se trata de uma diplomacia delicada, é um jogo duro, mas, na minha opinião, não é que o presidente [Donald] Trump esteja a ser amável e gentil apenas com a Rússia. Penso que ele está a usar instrumentos contra a Rússia, embora talvez não tão altos e visíveis como os que usa contra a Ucrânia", afirmou.
"Ninguém conseguiu parar esta guerra até agora, por isso vamos dar uma oportunidade ao presidente Trump", acrescentou o presidente da Polónia.
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