O Bangladesh alberga mais de um milhão de membros da minoria muçulmana em redor da cidade de Bazar de Cox, no sudeste do país, que vivem em condições muito precárias em campos improvisados.
Desde o golpe de Estado que levou a junta militar birmanesa de volta ao poder, em 2021, as regiões onde se encontram os rohingya têm sido palco de um conflito violento entre vários movimentos rebeldes e o exército.
Dois destes grupos, o Exército Arakan (AA) e a Organização de Solidariedade Rohingya (RSO), estão a lutar pelo controlo dos campos do Bangladesh.
Num relatório hoje publicado, a organização não-governamental (ONG) Fortify Rights documentou um total de 65 mortes em 2024 relacionadas com esta disputa de poder entre "grupos militantes e criminosos", bem como dezenas de casos de agressão, rapto e extorsão.
"Os grupos armados rohingya estão a causar estragos no Bangladesh e na Birmânia [atual Myanmar] com quase total impunidade", disse o responsável da ONG, John Quinley, na apresentação do relatório aos jornalistas.
"Os membros destes grupos não são as únicas vítimas, os civis também" são afetados, acrescentou.
A Fortify Rights pediu ao Governo interino do Bangladesh para investigar a violência, que, segundo a ONG, equivale a crimes contra a humanidade em alguns casos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou os campos de refugiados rohingya no Bangladesh na semana passada e prometeu "fazer tudo" para evitar um corte nas suas rações alimentares.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU ameaçou reduzir para metade esta ajuda, já a parti de abril, na sequência da decisão dos Estados Unidos de cortar grande parte da sua ajuda humanitária internacional.
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