Povo de Gaza voltou a viver "medo abjeto" após ataques de Israel

O povo de Gaza voltou a viver "num medo abjeto", com os "seus piores medos a materializaram-se da noite para o dia", acusou hoje o subsecretário-geral para Assuntos Humanitários da ONU, Tom Fletcher, referindo-se aos recentes ataques israelitas. 

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© Omar Havana/Getty Images

Lusa
18/03/2025 15:45 ‧ ontem por Lusa

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Médio Oriente

Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU focada na situação humanitária em Gaza, Fletcher frisou que os ataques aéreos israelitas foram retomados em toda a Faixa de Gaza durante a noite, com relatos de centenas de pessoas mortas e com a população novamente sob ordens de evacuação emitidas pelas forças israelitas. 

 

"Mais uma vez, o povo de Gaza vive num medo abjeto. Os modestos ganhos obtidos durante o cessar-fogo estão a ser destruídos. Os trabalhadores humanitários permanecem no local, prontos para prestar apoio vital aos sobreviventes e realizar operações humanitárias. Precisamos de ser imediatamente capacitados para o fazer", instou. 

A Argélia e a Somália --- com o apoio da China, França, Guiana, Paquistão e Eslovénia --- solicitaram a reunião de hoje para receberem uma atualização sobre a situação humanitária em Gaza após a decisão de Israel, a 02 de março, de interromper a entrada de ajuda no território. 

Contudo, Israel lançou, durante a noite, uma onda de ataques contra a Faixa de Gaza, provocando pelo menos 420 mortos e cerca de 500 feridos. Estes ataques puseram fim ao acordo de cessar-fogo, em vigor desde 19 de janeiro, um desenvolvimento que acabou por marcar o encontro do Conselho de Segurança da ONU. 

"Hoje, é com pesar que informo que, além dos intensos ataques aéreos que foram retomados, desde 02 de Março que as autoridades israelitas cortaram a entrada de todos os mantimentos vitais - alimentos, medicamentos, combustível, gás de cozinha - para 2,1 milhões de pessoas. Os nossos repetidos pedidos de recolha de ajuda no cruzamento de Karem Shalom foram também sistematicamente rejeitados", denunciou o representante da ONU. 

De acordo com as Nações Unidas, a atual suspensão da ajuda e de materiais comerciais está a inverter o progresso alcançado durante o breve período de cessar-fogo, com os recursos essenciais de sobrevivência agora a serem racionados.

Israel cortou a energia da central de dessalinização do sul de Gaza, limitando o acesso a água potável a 600 mil pessoas, denunciou Fletcher.

Na sequência, os preços dos produtos básicos dispararam no enclave, com os preços dos produtos hortícolas no norte de Gaza a triplicarem. 

Seis padarias subsidiadas pelo Programa Alimentar Mundial fecharam devido à escassez de gás de cozinha e de mantimentos. 

"Este bloqueio total da ajuda vital, dos produtos básicos e dos bens comerciais terá um impacto desastroso na população de Gaza, que continua dependente de um fluxo constante de assistência", frisou o representante da ONU.

Além disso, os níveis de financiamento para a resposta humanitária a Gaza são extremamente baixos, "muito abaixo do que é necessário para cobrir as despesas de base de uma rotação de seis semanas", segundo as Nações Unidas.

"Não podemos aceitar o regresso às condições anteriores ao cessar-fogo ou a negação total da entrada de ajuda humanitária. Os civis devem ser protegidos e as suas necessidades essenciais devem ser satisfeitas. O direito internacional deve ser respeitado", insistiu Tom Fletcher.

No encontro de hoje, a maioria dos diplomatas criticaram a retomada dos ataques israelitas, com a o Reino Unido, por exemplo, a considerar o número de vítimas "assustador" e a frisar que este conflito não pode ser resolvido por meios militares.

"Quero deixar claro que o regresso aos combates apenas resultará na morte de mais civis palestinianos, reféns israelitas e soldados israelitas. (...) Queremos ver o cessar-fogo restabelecido o mais rapidamente possível. A situação humanitária em Gaza era já catastrófica", disse o diplomata britânico James Kariuki, acrescentando que o bloqueio israelita à ajuda que entra no enclave é " horrível e inaceitável".

"A ajuda humanitária nunca deve ser utilizada como uma ferramenta política", reforçou.

Já a embaixadora norte-americana, Dorothy Shea, colocou toda a culpa da retomada das hostilidades "exclusivamente no Hamas", advogando que "esta brutal organização terrorista recusou firmemente todas as propostas e prazos que lhe foram apresentados nas últimas semanas".

"É o povo de Gaza que vai sofrer ainda mais por causa do desrespeito do Hamas pela vida humana", garantiu a diplomata norte-americana.

[Notícia atualizada às 16h53]

Leia Também: Costa "chocado e triste" com ataque de Israel em Gaza

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