MSF denuncia "situação desastrosa" na Faixa de Gaza após ataque israelita

A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou hoje a "situação desastrosa" na Faixa de Gaza, na sequência dos bombardeamentos israelita que provocaram a morte de 400 palestinianos durante a noite.

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© BASHAR TALEB/AFP via Getty Images

Lusa
18/03/2025 16:02 ‧ ontem por Lusa

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Médio Oriente

"A emergência no Hospital Al-Nasser foi muito desastrosa. Recebemos muitos corpos e 'partes de corpos', na sua maioria crianças e mulheres. Os corpos estavam por toda a parte na sala de emergência, com uma confusão completa entre os cidadãos, onde alguns correram para receber tratamento e outras famílias correram para a sala de emergência para se protegerem", afirmou Mohammad Qishta, médico de emergência da MSF no Hospital Nasser, num comunicado.

 

"A situação era muito tensa e os médicos da sala de emergência caíram e desmaiaram. Estavam a chorar devido à intensidade e à dificuldade da situação. Depois, houve alguns casos graves, como queimaduras - queimaduras de terceiro grau, queimaduras na cara, amputações, feridas na cabeça, feridas no peito", relatou Qishta na mesma nota.

Israel lançou durante a noite uma onda de ataques contra a Faixa de Gaza, provocando pelo menos 420 mortos e cerca de 500 feridos. Estes ataques puseram fim ao acordo de cessar-fogo, em vigor desde 19 de janeiro, entre Israel e o movimento extremista palestiniano Hamas.

"Acordámos, por volta das 02:00 da manhã, hora local, com 20 minutos de ataques aéreos e artilharia pesada - tal como nos últimos 15 meses de guerra. Estamos chocados e indignados com os novos e inaceitáveis massacres de civis", denunciou Claire Nicolet, chefe de emergências da MSF, no comunicado.

Segundo a ONG, foram admitidos numa clínica em Al-Mawasi, no sul de Gaza, 26 feridos, três dos quais em estado crítico, tendo sido posteriormente encaminhados para o hospital Nasser.

A ONG apelou a um cessar-fogo contínuo em Gaza e à entrada de ajuda humanitária no enclave, impedida por Israel desde 02 de março, para pressionar o grupo palestiniano a aceitar um plano alternativo, que visava a libertação dos reféns restantes sem iniciar negociações para acabar com a guerra.

"As pessoas simplesmente não podem permitir que tal violência e devastação comecem novamente. Israel deve acabar com o seu castigo coletivo contra a população", instou a organização.

Desde que a primeira fase terminou há duas semanas, as partes não conseguiram chegar a acordo sobre a segunda fase da trégua em Gaza, durante a qual se previa a libertação dos restantes reféns em Gaza e o fim da guerra.

O regresso aos bombardeamentos foi explicado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como "uma repressão à organização terrorista Hamas", na sequência da rejeição pelo grupo de duas propostas de mediação apresentadas pelo enviado presidencial dos Estados Unidos para implementar a segunda fase do acordo de cessar-fogo.

Israel exige que o Hamas liberte metade dos restantes reféns em troca da promessa de negociar uma trégua duradoura, mas o Hamas pretende continuar com os planos do acordo de cessar-fogo original alcançado pelas duas partes, com a mediação do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos.

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