Oposição turca unânime na condenação da detenção do provável rival de Erdogan

A oposição turca condenou hoje a detenção do presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, vista pelo seu partido como uma tentativa para afastar o provável rival do Presidente Recep Tayyip Erdogan nas próximas eleições.

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© Tolga Ildun / GocherImagery/Future Publishing via Getty Images

Lusa
19/03/2025 10:51 ‧ há 9 horas por Lusa

Mundo

Turquia

Imamoglu, 53 anos, foi detido hoje de manhã numa vasta operação policial por alegadas ligações terroristas e corrupção, segundo um comunicado do Ministério Público citado pela agência espanhola EFE.

 

O autarca foi detido juntamente com mais de uma centena de militantes e funcionários do social-democrata Partido Republicano do Povo (CHP, na sigla em turco), a que pertence.

O CHP qualificou a investigação judicial como "uma tentativa de golpe de Estado" instigada pelo governo para impedir a candidatura de Imamoglu às eleições, previstas para 2028, mas que poderão ser antecipadas.

Criado por Mustafa Kemal Ataturk, o primeiro presidente e fundador da moderna República da Turquia, o CHP é o partido mais antigo do país e a principal força da oposição.

O DEM, partido de esquerda e pró-curdo, terceiro maior partido no parlamento, também comparou as detenções a "um golpe de Estado civil" realizado pelo poder judicial em conluio com o governo de Erdogan.

O partido nacionalista IYI, o quinto maior partido no parlamento, falou em termos semelhantes, anunciando que irá apresentar uma queixa contra Erdogan por "um crime contra a Constituição".

"A detenção de Imamoglu não pode ser explicada pela lei. A lei, a democracia e as eleições foram suspensas na Turquia hoje", disse o líder da IYI, Musavat Dervisoglu, ao parlamento.

Dervisoglu denunciou que o processo judicial visa afastar Imamoglu das eleições presidenciais "para manter Recep Tayyip Erdogan no poder".

"A oposição deve assumir a responsabilidade para além de algumas declarações. Se os atos inconstitucionais, como a eliminação de potenciais candidatos, continuarem, teremos de boicotar as eleições", acrescentou.

O líder do partido conservador DEVA, Ali Babacan, também denunciou no parlamento que a detenção de Imamoglu se destinava a manter o atual Presidente, de 71 anos, no poder para o resto da vida.

"Significa: 'Eu [Erdogan[] decidi que vou ficar aqui enquanto estiver vivo e saudável, e mais ninguém pode chegar ao poder'", disse Babacan, falando como líder da coligação Yeni Yol.

"Por muito que Erdogan e os seus apoiantes tentem matar a democracia, o povo mantê-la-á viva. Isto não é diferente de outras tentativas de golpe, mesmo sem intervenção militar", acrescentou.

A coligação Yeni Yol inclui o partido Gelecek, formado por Ahmet Davutoglu, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros (2009-2014) e primeiro-ministro (2014-2016) de Erdogan.

Babacan também integrou o governo de Erdogan como ministro das Finanças (2002-2007) e dos Negócios Estrangeiros (2007-2009).

Um grande destacamento policial cercou ao início da manhã a casa de Imamoglu para deter o autarca.

"Centenas de polícias chegaram à minha porta. A polícia invadiu a minha casa e derrubou a minha porta", anunciou Imamoglu nas redes sociais.

"Estamos a enfrentar uma enorme tirania, mas quero que saibam que não serei desencorajado", disse Imamoglu, que acusou o Governo de "usurpar a vontade" do povo.

Além de corrupção, o Ministério Público disse que Imamoglu é suspeito de "apoio ao PKK", o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerado como um grupo terrorista pela Turquia.

As autoridades encerraram várias estradas em torno de Istambul e proibiram manifestações na cidade por quatro dias num aparente esforço para evitar protestos após a detenção do autarca.

Imamoglu foi eleito pela primeira vez em 2019, pondo fim a um quarto de século de domínio dos islamitas na maior cidade da Turquia.

A detenção aconteceu dias antes de o CHP realizar as primárias, no domingo, nas quais Imamoglu deveria ser escolhido como candidato presidencial.

Leia Também: Autarca de Istambul detido por corrupção e ligação ao terrorismo

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