A "Lei de Revisão do Comércio" propõe obrigar o presidente a obter a aprovação do Congresso antes de impor tarifas alfandegárias, que só podem ser prorrogadas por um máximo de dois meses, a menos que a legislatura aprove a sua prorrogação.
Ao mesmo tempo, o projeto de lei confere à legislatura o poder de cancelar as tarifas antes do prazo de 60 dias, se houver consenso em ambas as câmaras.
A Casa Branca já afirmou em comunicado que vetará o projeto de lei, assegurando que "limita severamente" os poderes presidenciais para "delimitar a política externa e proteger a segurança nacional" nos EUA.
Na Câmara dos Representantes, de maioria republicana, deverá ser apresentada nos próximos dias uma outra proposta que daria ao Congresso o poder de bloquear as tarifas impostas pelo Presidente.
Esta iniciativa está a ser promovida pelo congressista republicano Don Bacon, segundo o site informativo Axios.
As hipóteses de qualquer uma destas duas propostas se tornar lei dependem de um maior número de legisladores republicanos romperem as fileiras do partido, pois é necessária uma votação de dois terços em ambas as câmaras para ultrapassar o veto da Casa Branca.
Tarifas, ameaças e bolsas em queda
A 2 de abril, o presidente anunciou a imposição de tarifas globais de 10%, que entraram em vigor no sábado, e taxas mais elevadas para outras regiões e países, como a China e a União Europeia (UE), que começarão a ser aplicadas no dia 9.
Trump indicou na segunda-feira que haverá "acordos justos" com os países que estão a negociar as tarifas, mas descartou que haja uma pausa na sua política tarifária enquanto este diálogo decorre, apesar da reação fortemente negativa dos mercados accionistas em todo o mundo e das críticas de diversos países.
O presidente dos Estados Unidos ameaçou na segunda-feira impor uma tarifa adicional de 50% à China se Pequim não retirar até terça-feira as taxas que impôs aos produtos norte-americanos em retaliação ao plano tarifário de Washington.
As palavras do presidente norte-americano, divulgadas nas redes sociais, surgiram após a China ter indicado que irá retaliar contra as tarifas dos Estados Unidos anunciadas na semana passada.
"Se a China não retirar o seu aumento de 34% em cima dos seus abusos comerciais já de longa data até amanhã [terça-feira], 8 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas ADICIONAIS à China de 50%, a partir de 9 de abril", escreveu o governante na sua rede social Truth Social, recorrendo a letras maiúsculas para acentuar o conteúdo da mensagem.
"Além disso, todas as negociações com a China sobre as reuniões solicitadas connosco serão encerradas!", acrescentou.
Trump voltou hoje a defender a sua decisão de impor tarifas, enquanto os mercados globais continuam a cair e os receios de uma recessão aumentam.
"Não sejam fracos! Não sejam estúpidos! (...) Sejam fortes, corajosos e pacientes, e a grandeza será o resultado", referiu ainda.
Na quinta e sexta-feira, devido aos efeitos das tarifas anunciadas por Donald Trump, as 500 pessoas mais ricas do mundo perderam 488 mil milhões de euros (536 mil milhões de dólares), com Elon Musk a liderar a lista.
Esta foi a maior perda de sempre do Índice de Bilionários da Bloomberg, indicou a agência financeira.
Segundo a Bloomberg, cerca de 90% dos bilionários que compõem a lista perderam dinheiro na quinta e na sexta-feira, com as quedas acentuadas dos mercados bolsistas em todo o mundo, e que hoje continuam.
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