A guerra aduaneira entre Washington e Pequim "é ainda mais preocupante porque diz respeito às duas maiores economias do mundo", afirmou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Zakharova criticou o "protecionismo tarifário unilateral" decidido pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"A última decisão aduaneira da Casa Branca viola as regras fundamentais da OMC [Organização Mundial do Comércio] e mostra que Washington não se considera vinculado às normas do direito comercial internacional", afirmou.
Trata-se de uma rara crítica do Governo russo aos Estados Unidos desde a reaproximação russo-americana iniciada em meados de fevereiro por Donald Trump após regressar ao poder, segundo a AFP.
Os Estados Unidos reacenderam hoje o pânico nos mercados mundiais com uma nova série de tarifas para dezenas de países, incluindo uma taxa de mais de 100% sobre a China, que prometeu uma resposta "firme e vigorosa".
"Estamos a acompanhar de perto os desenvolvimentos", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, alertando para as "repercussões negativas" nos mercados mundiais.
A diretora do Banco Central da Rússia (BCR), Elvira Nabiullina, afirmou que a instituição monetária vai ter em conta o "novo risco significativo".
"Ainda é muito difícil determinar para onde [estas mudanças] conduzirão a economia mundial e como afetarão a Rússia", afirmou Nabiullina.
Cerca de 60 países, incluindo os 27 membros da União Europeia (UE), são afetados pelas sobretaxas adicionais impostas por Trump, que entraram em vigor às 00:00 de hoje em Washington (05:00 em Lisboa).
O Ministério das Finanças russo manifestou-se na terça-feira preocupado com os riscos de uma perda de receitas, num contexto de queda dos preços do petróleo.
A Organização do Países Exportadores de Petróleo (OPEP) anunciou recentemente que iria aumentar a produção de forma mais acentuada do que o previsto.
Quase um terço do orçamento da Rússia em 2025 deverá provir da venda de hidrocarbonetos, principalmente petróleo, uma fonte de rendimento vital para Moscovo continuar a guerra contra a Ucrânia, que iniciou há mais de três anos.
Criada em 1960, a OPEP é formada atualmente por Arábia Saudita, Argélia, Emirados Árabes Unidos, Gabão, Guiné Equatorial, Irão, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, República do Congo e Venezuela.
A Rússia tem o estatuto de observador na organização com sede em Viena.
Leia Também: Venezuela decreta emergência devido a taxas anunciadas por Trump