Em Atenas, mais de dez mil pessoas, segundo a polícia, reuniram-se na Praça Sintagma (Constituição), frente ao Parlamento, a pedido das centrais sindicais do setor público (Adedy), e do setor privado (GSEE).
Os manifestantes gritaram palavras de ordem como "Aumento dos salários"; "A injustiça sufoca-nos" e "Abaixo a Nova Democracia", numa referência direta ao nome do partido no poder.
A greve de hoje afetou sobretudo os transportes com paragens nas ligações de metropolitano, autocarros e serviços aéreos.
Os navios de transporte de passageiros estão ancorados desde manhã cedo e foram suspensas as ligações às ilhas dos mares Egeu e Jónico (oeste).
Em fevereiro as centrais sindicais realizaram uma greve geral que se repetiu hoje para pedir aumentos dos salários e contra a carestia que dizem ser resultado das políticas do governo conservador.
As duas centrais sindicais estão contra as políticas do governo conservador de Kyriakos Mitsotakis, que, acusam, conduziram a uma "subida dos preços".
Num comunicado de imprensa, a central sindical Adedy critica os preços "exorbitantes" que diz serem resultado da cartelização que opera sobretudo no setor da energia.
Os sindicatos do setor público criticam igualmente o Governo de Kyriakos Mitsotakis, que acusam de contribuir para o aumento dos preços na habitação.
Escolas, tribunais, bancos e serviços públicos também se encontram encerrados em virtude da paralisação.
A central sindical Adedy exigiu o aumento dos salários, referindo que após dez anos de estagnação, os trabalhadores só foram aumentados em 04% no ano passado e em 01% este ano.
A GSEE exige o restabelecimento das convenções coletivas, depois de terem sido anuladas durante a "derrocada" financeira da última década, e frisa que são necessários aumentos reais para combater o elevado custo de vida na Grécia.
Apesar da taxa de crescimento (2,2% em 2024), os salários na Grécia continuam a ser particularmente baixos, enquanto os impostos continuam a aumentar num país onde a inflação atingiu 3,5% em 2024.
O governo aumentou o salário mínimo de 830 euros para 880 euros no passado dia 01 de abril em resposta ao crescente aumento da contestação social.
A greve de hoje segue-se à paralisação organizada no dia 28 de fevereiro, quando centenas de milhares de pessoas se manifestaram em todo o país, numa das maiores mobilizações das últimas décadas - exigindo justiça para as 57 vítimas de uma colisão de comboios em 2023 e contestando o elevado custo de vida.
Hoje, em Salónica, a segunda maior cidade do norte da Grécia, cerca de cinco mil pessoas manifestaram-se com cartazes onde se lia as palavras de ordem: "Abaixo a política que empobrece"; "Aumento real dos salários" e "Tudo é sacrificado pelo lucros".
"Não podemos viver com dignidade com o salário que recebemos. Quando se gasta quase 50% do salário em rendas, como é que se pode viver?", disse à Agência France Presse Eleni Ioannidou, 27 anos, empregada do comércio em Salónica.
A principal faixa do sindicato do setor privado dizia "Os preços altos destroem".
"A minha pensão não chega sequer para vinte dias. Estamos a exigir algo muito simples: poder satisfazer as necessidades básicas das nossas vidas", disse o reformado Kostas Papaioannou, de 69 anos.
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