"Decorre, de forma fervorosa, todo o desdobramento operativo e diligências conducentes à responsabilização dos autores materiais deste crime", afirmou Leonel Muchina, porta-voz do comando-geral da Polícia da República de Moçambique, em conferência de imprensa, em Maputo.
O porta-voz disse que o "ataque armado" aconteceu num troço da estrada Nacional 1 (N1), no povoado de Nhazuazua, posto administrativo de Subue, distrito de Maringue, envolvendo um grupo de seis homens, com idades entre os 55 e os 65 anos.
"Dos quais, um portando uma arma de fogo de tipo AK-47 e outros portando catanas. Interpelaram duas viaturas pesadas de transporte de carga, que estavam em trânsito, seguindo o trajeto Nhamapaza a Caia, tendo-as imobilizado e incendiado um total de sete viaturas, cinco das quais estavam a reboque", explicou.
De seguida, acrescentou o porta-voz, "interpelaram" uma viatura de transporte de passageiros.
"Ameaçaram e despojaram os bens e dinheiro dos viajantes, tendo, posteriormente, obrigado o motorista a seguir a marcha", detalhou Muchina, sublinhando que deste ataque "não houve vítimas humanas".
Alguns contornos deste ataque, que ocorreu cerca das 06:00 da manhã locais (05:00 em Lisboa) já tinham sido avançados na terça-feira pelo comandante provincial da PRM em Sofala, centro de Moçambique, Ernesto Madungue.
A área foi palco, entre 2013 e 2015, de ataques regulares a veículos durante os confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), entretanto desarmada na sequência do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).
Questionado pelos jornalistas, o comandante provincial da PRM disse que "é prematuro" atribuir o ataque a homens armados da Renamo, prometendo novas declarações após a investigação.
O processo de DDR, iniciado em 2018 no âmbito do acordo de paz entre as partes, abrange 5.221 antigos guerrilheiros da Renamo, dos quais 257 mulheres, e terminou em junho de 2023, com o encerramento da base de Vunduzi, a última da Renamo, localizada no distrito de Gorongosa, província central de Sofala.
O Acordo Geral de Paz de 1992 colocou fim a uma guerra de 16 anos, opondo o exército governamental e a guerrilha da Renamo. Foi assinado em Roma, entre o então Presidente, Joaquim Chissano, e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, que morreu em maio de 2018.
Em 2013 sucederam-se outros confrontos entre as partes, que duraram 17 meses e só pararam com a assinatura, em 05 de setembro de 2014, do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, entre Dhlakama e o antigo chefe de Estado Armando Guebuza.
Em 01 de agosto de 2019 foi assinado na Gorongosa o Acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades Militares, entre o Governo do Presidente, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade.
Cinco dias depois, em Maputo, foi assinado o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, que está atualmente a ser aplicado.
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