Poucas horas depois anunciar um novo aumento proibitivo, para 125%, das tarifas aduaneiras norte-americanas sobre importações da China, enquanto suspendeu por 90 dias sobretaxas aplicadas a outros países, Trump previu que "haverá um acordo com a China (...) e com todos" os países afetados.
"A China quer chegar a um acordo", mas "não sabe bem como o fazer", acrescentou aos jornalistas o Presidente norte-americano, cujas tarifas punitivas provocaram pânico nos mercados financeiros mundiais desde a semana passada.
Pequim foi castigada por retaliar sobre as tarifas norte-americanas, apesar dos avisos de Washington, justificou o Presidente republicano.
"Eles (chineses) são pessoas muito orgulhosas (...) e o Presidente Xi [Jinping] é um homem orgulhoso. Conheço-o muito bem", adiantou.
Questionado sobre as causas do seu recuo de hoje, Donald Trump admitiu que antes de decidir suspender a guerra comercial estava a acompanhar a subida dos juros das obrigações do Tesouro.
"Estava a observar o mercado de obrigações. É um mercado muito complicado", disse.
Na terça-feira à noite, prosseguiu, viu que as suas sobretaxas aduaneiras estavam a "assustar um pouco as pessoas" e "é preciso ser flexível".
Questionado sobre as consequências das tarifas para as empresas norte-americanas, Trump prometeu analisar os casos individuais.
"Algumas, pela sua natureza, são atingidas um pouco mais duramente. Vamos analisar isso", adiantou.
Na Sala Oval da Casa Branca, Trump considerou mesmo improvável nova subida das taxas aplicadas às importações chinesas, de atuais 125%.
"Não imagino que tenha de o fazer outra vez. E não creio que seja necessário. Sabe, calculámos isto com muito cuidado", disse Trump.
Em resposta ao aumento, desde hoje, das tarifas norte-americanas para 104%, a China anunciou durante o dia uma taxa adicional de retaliação de 50% sobre as importações oriundas dos Estados Unidos, para 84%, intensificando a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
O Ministério das Finanças chinês afirmou que as novas taxas se aplicam para além das 34% anteriormente anunciados sobre as importações dos Estados Unidos.
As taxas entram em vigor na quinta-feira.
No conjunto, os produtos norte-americanos são agora taxados em 104% pela China, igualando as taxas impostas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as importações oriundas do país asiático.
A administração de Trump tinha anteriormente imposto uma taxa "recíproca" de 34% à China, tendo depois aumentado este valor em 50%.
Os novos impostos foram adicionados às taxas de 20% anunciadas anteriormente como punição pelo tráfico de fentanil.
O Governo chinês assegurou hoje que tem "uma vontade firme" e "recursos abundantes" para responder "com determinação" se os Estados Unidos insistirem em "intensificar ainda mais as suas medidas económicas e comerciais restritivas".
"Com vontade firme e recursos abundantes, a China tomará resolutamente contramedidas e lutará até ao fim", disse o Ministério do Comércio chinês, num comunicado divulgado hoje.
O ministério reiterou que "não há vencedores numa guerra comercial" e que "a China não quer uma", mas "não ficará de braços cruzados se os direitos legítimos do seu povo forem violados".
A última 'salva' surge numa altura em que a turbulência nos mercados financeiros se intensifica, com a venda de títulos do Tesouro e fortes quedas nos principais índices mundiais.
A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou hoje que as crescentes tensões comerciais entre os EUA e a China expõem o comércio bilateral ao risco de contração muito acentuada, de até 80%.
A diretora-geral da OMC recordou que os EUA e a China representam, no seu conjunto, 3% do comércio mundial e que o confronto em que se envolveram "tem implicações mais vastas que podem prejudicar seriamente as perspetivas económicas globais".
[Notícia atualizada às 23h04]
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