Os detidos são Timur Soykan, repórter e colunista do jornal BirGün, um meio de comunicação crítico do Governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e Murat Agirel, autor de vários livros sobre casos de corrupção, de acordo com a agência de notícias EFE.
Os dois foram detidos em casa, foram revistadas, e os polícias apreenderam computadores e telemóveis, informou o BirGün.
O Ministério Público indicou que os dois jornalistas são acusados de terem "ameaçado" e "chantageado" os acusados num processo judicial relativo à venda de uma estação de televisão, que estaria envolvida numa rede ilegal de apostas desportivas.
A detenção ocorreu no mesmo dia em que os dois jornalistas deveriam prestar declarações sobre o caso.
O Ministério Público justificou o mandado de detenção afirmando que os jornalistas poderiam escapar ou adulterar provas.
Soykan e Agirel receberam prémios nos últimos anos pelas suas investigações sobre casos de corrupção política, a maioria dos quais está ligada ao Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), conservador islâmico, fundado e liderado pelo presidente Erdogan, que está no poder há mais de duas décadas.
As associações de jornalistas e os partidos da oposição da Turquia criticaram as detenções, para as quais ainda não há uma explicação oficial.
Vários jornalistas foram detidos e posteriormente libertados durante os grandes protestos antigovernamentais que eclodiram na Turquia desde a detenção, em 19 de março, de Ekrem Imamoglu, presidente da Câmara de Istambul e principal rival de Erdogan nas eleições presidenciais de 2028.
Em 2024, a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras classificou a Turquia em 158.º lugar entre 180 países no seu índice de liberdade de imprensa e alertou que o autoritarismo estava a ganhar terreno no país e que "o pluralismo dos 'media' estava a ser posto em causa".
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