"O círculo íntimo de Donald Trump está a lucrar ilegalmente com estas grandes oscilações do mercado de ações através de negociação com informações privilegiadas?", perguntou o senador democrata da Califórnia Adam Schiff, na conta na rede social X, referindo-se a milionários e bilionários próximos de Donald Trump.
"O Congresso precisa de saber", acrescentou, enquanto pediu uma investigação: "Chegaremos ao fundo disto para ver se as pessoas estão a lucrar com a dor do povo americano".
Por sua vez, a congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez defendeu que os membros do Congresso dos Estados Unidos que compraram ações nas últimas 48 horas devem tornar isso público.
"Qualquer membro do Congresso que tenha comprado ações nas últimas 48 horas provavelmente devia divulgá-lo agora", disse a congressista democrata no X, acrescentando que tem ouvido "conversas interessantes".
"É altura de proibir o uso de informações privilegiadas no Congresso", exigiu.
Negociação com informações privilegiadas é o uso ilegal de informações conhecidas antes de serem tornadas públicas --- por exemplo, uma decisão de política económica ou maus resultados de uma empresa --- para comprar ou vender títulos no momento certo.
"O Presidente dos Estados Unidos está literalmente a participar na maior manipulação de mercado do mundo", disseram os representantes democratas do Comissão de Serviços Financeiros da Câmara de Representantes, também no X.
O senador democrata Chris Murphy afirmou, num vídeo publicado na quarta-feira na mesma rede, que o caso "podia ser um grande golpe".
"Esta Casa Branca é uma gigantesca operação de corrupção", acusou.
Depois de desencadear uma guerra comercial global e fazer os mercados caírem, o Presidente dos EUA escreveu na sua rede social, Truth Social, na quarta-feira, minutos após a abertura de Wall Street: "Agora é altura de comprar".
Horas depois, anunciou uma suspensão de 90 dias de tarifas adicionais contra mais de 75 países, com exceção da China, desencadeando uma recuperação histórica do mercado de ações.
O índice Dow Jones fechou na quarta-feira em alta, de 7,87%, o maior ganho desde 2008, e o índice Nasdaq com 12,16%, no maior ganho desde 2001.
A questão é se Trump já estava a considerar a suspensão tarifária quando fez a publicação a apelar para a compra de ações.
Segundo a agência de notícias Associated Press, questionado sobre quando chegou à decisão, Trump respondeu: "Eu diria que foi esta manhã. Nos últimos dias, tenho pensado nisso. Bem cedo esta manhã".
"É responsabilidade do Presidente dos Estados Unidos tranquilizar os mercados e os americanos sobre a segurança económica perante o constante alarmismo da imprensa", disse o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, ao jornal Washington Post, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Questionado na quarta-feira pela rede CNBC sobre a "sequência assombrosa" de eventos entre o conselho de investimento de Donald Trump e a subida do mercado de ações que se seguiu logo depois, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, simplesmente respondeu: "Donald Trump entende que os Estados Unidos são a maior nação do mundo".
"[Trump] está a adorar isto, este controlo sobre os mercados, mas é melhor ter cuidado", disse o crítico de Trump e antigo advogado de ética da Casa Branca Richard Painter, referindo que a lei dos valores mobiliários proíbe negociar com informação privilegiada ou ajudar outros a fazê-lo.
"As pessoas que compraram quando viram aquela publicação ganharam muito dinheiro", considerou.
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