"Os civis continuam a sofrer enquanto as operações militares persistem, apesar de várias tréguas terem sido decretadas devido ao trágico terramoto", afirmou a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani.
A responsável refeiru que depois do sismo, ocorrido em 28 de março, as forças armadas realizaram mais de 120 ataques, mais de metade dos quais após terem decretado um cessar-fogo, em 02 de abril. Muitas dessas operações militares envolveram ataques de artilharia a áreas povoadas.
Shamdasani sublinhou que "a prioridade deve ser garantir que a assistência chegue às áreas mais afetadas, em vez de lançar bombardeamentos".
"Vários desses ataques foram realizados de forma indiscriminada e violam os princípios da proporcionalidade previstos pelo direito internacional", apontou, destacando que algumas áreas de Sagaing, especialmente aquelas sob o controlo das forças rebeldes, só conseguiram aceder a serviços locais mínimos de busca e salvamento.
Face a esta situação, Ravina Shamdasani pediu mais ajuda para suprir as grandes necessidades da população civil birmanesa e apelou à junta militar que governa o país para implementar uma amnistia total, que permita a libertação de todos os presos detidos após o golpe de Estado de fevereiro de 2021.
"Todas as partes em conflito na Birmânia têm a obrigação de cumprir o direito internacional e facilitar o trabalho humanitário", disse.
As Nações Unidas solicitaram um financiamento adicional de 240 milhões de dólares (cerca de 210 milhões de euros) para enfrentar a crise humanitária e melhorar a assistência de dois milhões de pessoas afetadas pelo terramoto, além dos 4,3 milhões de pessoas que já estavam a sofrer as consequências da crise antes do sismo.
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