Após um pequeno atraso nos trabalhos, a oposição votou contra um relatório sobre se o primeiro-ministro em exercício, Albin Kurti, e o executivo agiram em conformidade com a Constituição ao não se demitirem após as eleições legislativas de 09 de fevereiro.
No escrutínio, o movimento Vetevendosje! (Autodeterminação!) de esquerda de Kurti obteve 48 dos 120 mandatos parlamentares, ficando aquém da maioria necessária para formar um Governo sozinho. Em 2021, o partido obteve 58 assentos parlamentares.
Apesar de o Autodeterminação! ter distribuído agora uma carta de demissão, como exigido pela Constituição, o presidente do parlamento em exercício cancelou a sessão, acrescentando que o parlamento vai consultar a Presidente kosovar, Vjosa Osmani, sobre como proceder.
Uma vez aprovados os mandatos dos deputados e a eleição do presidente do parlamento e adjuntos, a chefe de Estado vai enviar ao parlamento uma carta de nomeação de Kurti, que o Autodeterminação! escolheu para primeiro-ministro.
Embora necessite de uma maioria simples no parlamento, ou seja, 61 votos, para formar um Governo, Kurti já excluiu a hipótese de uma coligação com o Partido Democrático do Kosovo (PDK, centro-direita), que ficou em segundo lugar nas eleições, com 24 mandatos; com a conservadora Liga Democrática do Kosovo (LDK), que obteve 20 mandatos; ou com a Aliança para o Futuro do Kosovo (AAK, direita), que conquistou oito assentos parlamentares.
Os três partidos da oposição também excluíram qualquer possibilidade de coligação com Kurti ou o Autodeterminação!
Kurti poderá recorrer aos dez deputados da minoria não-sérvia, mas precisará de pelo menos mais três votos.
Se Albin Kurti não conseguir formar um Governo, a Presidente pode mandatar qualquer um dos outros partidos. Se nenhum deles conseguir formar um executivo, o país enfrentará legislativas antecipadas.
O Kosovo precisa de um novo Governo não só para gerir a economia do país e outros setores, mas também para prosseguir as conversações de normalização das tensas relações com a Sérvia, que se arrastam há 14 anos sem progressos.
Cerca de 11.400 pessoas morreram na guerra de 1998-1999 no Kosovo, na maioria de etnia albanesa. Uma campanha aérea de 78 dias da NATO pôs fim aos combates e expulsou as forças sérvias.
O Kosovo declarou a independência da Sérvia em 2008 e a maioria dos países ocidentais reconheceram a sua soberania, mas não a Sérvia e as aliadas Rússia e China.
A União Europeia e os Estados Unidos instaram o Kosovo e a Sérvia a aplicar os acordos alcançados há dois anos, que incluem o compromisso do Kosovo de criar uma Associação de Municípios de Maioria Sérvia e a obrigação de Belgrado de reconhecer 'de facto' o Kosovo.
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