Os caóticos protestos em Hong Kong levaram a polícia a lançar gás lacrimogéneo contra os manifestantes, que protestam contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio universal.
O Presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, afirmou que o apelo dos manifestantes por eleições livres tem o seu total apoio.
"Nós compreendemos plenamente e apoiamos o povo de Hong Kong na sua reivindicação por pleno sufrágio universal", disse, num encontro de dirigentes empresariais em Taipé.
"Os desenvolvimentos em Hong Kong têm atraído a atenção do mundo nos últimos dias. O nosso Governo também está muito preocupado", acrescentou.
"Instamos as autoridades do interior da China a ouvir a voz do povo de Hong Kong e a usar pacificamente e cautelosamente medidas para lidar com estes assuntos", frisou.
A administração de Ma Ying-jeou acompanha de perto os mais recentes acontecimentos na antiga colónia britânica, dado que é a fórmula aplicada a Hong Kong e Macau de "Um país, dois sistemas" que a China quer usar para a reunificação com a ilha.
Apesar de manifestar o seu apoio aos manifestantes, instou-os a não recorrerem à violência, advertindo que a agitação no território pode provocar ondas de choque na economia da Ásia em geral.
"Hong Kong é um centro financeiro global. Qualquer turbulência política pode ter impacto na Ásia e mesmo no mundo", disse Ma.
"Também apelamos ao povo de Hong Kong para usar métodos pacíficos e racionais para enfatizar as suas reivindicações. A última coisa que gostaríamos de ver era um conflito", realçou o Presidente da ilha Formosa.
Dezenas de estudantes de Taiwan ecoaram 'slogans' e envolveram-se em escaramuças com a polícia durante uma manifestação de apoio aos manifestantes de Hong Kong no exterior do gabinete de ligação da cidade em Taipé.
O diretor da representação foi vaiado pelos estudantes quando respondeu que "os conflitos são, por vezes, inevitáveis quando se lida com grandes eventos como este", quando questionado se apoiava o uso da força contra os manifestantes.
Os protestos surgem depois de Pequim ter anunciado, a 31 de agosto, que os aspirantes ao cargo de chefe do Governo vão precisar de reunir o apoio de mais de metade dos membros de um comité de nomeação para poderem concorrer à próxima eleição, em 2017, e que apenas dois ou três serão selecionados.
Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.
A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
Ma Ying-jeou afirmou ainda que tanto Hong Kong como a própria China beneficiariam de eleições livres na Região Administrativa Especial, afirmando que se acredita, em termos globais, que Hong Kong vai ser capaz de avançar rumo à democracia passo a passo.
"É nossa convicção que tanto Hong Kong como a China ganhariam se o sufrágio universal pudesse ser adotado", rematou, em declarações citadas pela agência noticiosa francesa AFP.