A homenagem foi feita pelo líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, no poder), Rui Figueiredo Soares, em sessão solene especial, que pela primeira vez, em 26 anos, acontece no parlamento cabo-verdiano, para assinalar "13 de janeiro, dia da Liberdade e Democracia".
"E porque a liberdade e a democracia são valores universais, permitam-me, igualmente, nesta data simbólica, prestar uma justa e devida homenagem à memória do antigo Presidente da República portuguesa Mário Soares, recentemente falecido, que ao longo da sua vida política se revelou em todos os momentos um grande amigo de Cabo Verde e das suas gentes", afirmou.
Rui Figueiredo Soares considerou que Mário Soares foi um "arauto universal da democracia", causa por que sempre se bateu, nunca dando "mostras de fraquezas ou de hesitação quando se achava em jogo a própria sobrevivência da democracia".
"O legado que deixa é um património não só dos portugueses, mas também de todos aqueles que comungaram com ele os ideais da liberdade e da democracia", prosseguiu.
Convicto de que a memória de Mário Soares "será sempre honrada pelas gerações vindouras", Rui Figueiredo Soares endereçou ainda "profundas condolências" e "solidariedade" à família, ao povo português e aos seus "legítimos representantes" e ao Partido Socialista (PS), que o antigo chefe de Estado foi fundador e primeiro líder.
Rui Figueiredo Soares foi o único a fazer referência a Mário Soares, numa sessão em que também discursaram o chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, a líder parlamentar e presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Janira Hopffer Almada, e a deputada da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), Dora Oriana Pires.
Advogado e combatente da ditadura do Estado Novo, Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa.
Após a revolução do 25 de abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.
Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.
Morreu no passado sábado em Lisboa, aos 92 anos.