O "Mensalão", detetado em 2005, levou à condenação, em finais do ano passado, a pesadas penas de prisão, de 35 réus, incluindo proeminentes políticos e empresários brasileiros.
O caso, também conhecido como "O Processo Penal 470", consistiu na utilização de fundos de um banco estatal brasileiro para a compra de votos de deputados que viabilizavam leis e decisões favoráveis ao Partido Trabalhista (PT) do na altura Presidente brasileiro, Lula da Silva.
Numa palestra subordinada ao tema "Experiência do Ministério Público Brasileiro no Combate à Corrupção: Caso Mensalão", o Procurador-Geral da República do Brasil, Roberto Gurgel, que dirigiu as investigações do "Mensalão", considerou o mesmo "o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção" na história do país e que "maculou a República" brasileira.
"Muitos dizem que já houve muitos episódios de corrupção no Brasil, mas entre os episódios que tenham sido flagrados e que se tenham conseguido comprovar, este foi o maior e mais escandaloso caso", afirmou o chefe máximo do Ministério Público brasileiro.
Para Roberto Gurgel, a rede do "Mensalão", com tentáculos na política e nos homens de negócios, e a proporção do esquema, que implicou uma "enorme movimentação financeira", acabou maculando gravemente a República brasileira".
"Instituiu-se, à custa do desvio de recursos públicos, uma sofisticada organização criminosa, um sistema de enorme movimentação financeira à margem da legalidade, com o objetivo espúrio de comprar os votos de parlamentares nas matérias tidas como especialmente relevantes pelos líderes criminosos", enfatizou o PGR brasileiro.
Porque envolvia "gente poderosa ligada ao partido do Governo", denunciar o "Mensalão" foi um ato de coragem, assinalou Roberto Gurgel, destacando o papel do seu antecessor, António Fernando, que apresentou a acusação contra os arguidos no Supremo Tribunal Federal.