"Sou como aqueles combatentes marcados [...] que não baixam a cabeça diante das balas", disse no fim de semana da Páscoa o ex-primeiro-ministro de Nicolas Sarkozy, 63 anos, candidato pelo partido Os Republicanos (ex-União para um Movimento Popular, UMP, direita).
As acusações de que é alvo, repetiu, são "uma maquinação", um "escândalo democrático" e um "confisco da eleição".
Fillon venceu Sarkozy e o também ex-primeiro-ministro Alain Juppé nas primárias do partido, em novembro passado, e rapidamente surgiu nas sondagens como favorito para derrotar a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, na segunda volta.
A imagem de pessoa íntegra, fiel aos valores tradicionais, e a promessa de recuperação económica através de cortes orçamentais e de uma luta sem quartel contra a corrupção agradaram ao um eleitorado, depois de cinco anos de governo socialista.
Mas, em finais de janeiro, um escândalo revelou-se desastroso para a popularidade do candidato da direita.
O semanário satírico Le Canard Enchaîné noticiou que Fillon criou empregos fictícios para a mulher, Penelope, e dois filhos, beneficiando de avultados fundos públicos durante mais de uma década. A justiça abriu um inquérito e Fillon acabou por ser formalmente acusado de "uso indevido de fundos públicos".
Fillon recusou repetidamente retirar a candidatura e denunciou "uma conspiração política", mas não escapou a protestos junto a vários dos comícios que deu, com manifestantes a receberem-no aos gritos de "Ladrão!" ou "Devolve o que deves!".
Responsáveis da campanha demitiram-se em cadeia, entre os quais o conselheiro para a política externa, Bruno Le Maire, o porta-voz, Thierry Solère, e o diretor de campanha, Patrick Stefanini.
A queda nas sondagens foi rápida e clara: de segundo mais votado, a seguir a Le Pen, passou para terceiro, atrás do independente liberal Emmanuel Macron e, mais recentemente, para quarto, atrás do candidato da esquerda, Jean-Luc Mélenchon.
Filho de um notário e de uma historiadora, Fillon nasceu em Le Mans (centro-oeste) a 4 de março de 1954.
Aos 22 anos, recém-licenciado em Direito, entrou na política como assistente de um deputado de uma pequena localidade próxima de Le Mans, Sablé-sur-Sarthe, Joel Le Theule. Quando o mentor morreu, em 1980, François Fillon, sucedeu-lhe e em 1981, com 27 anos, entrou para a Assembleia Nacional.
Entre 1993 e 2005 participou em todos os governos de direita. Seguiu-se o Senado, até 2007, quando ascendeu ao cargo de primeiro-ministro, no qual se manteve por cinco anos, até 2012.
A primeira volta das presidenciais de França realiza-se no domingo, 23 de abril. Os dois candidatos mais votados disputam uma segunda volta, marcada para 7 de maio.